sábado, maio 20, 2017

Quando o ciúme beneficia o relacionamento: ciúme preventivo e ciúme retaliador

A mãe, chega em casa e procura por Lola. Ela não está em lugar nenhum! Estarrecida, ela olha para a janela: lá está Lola, do lado de fora, pés no parapeito estreito, agarrada na moldura do vidro!
A mãe grita: Saia dai!!!!
Lola responde:
Você não confia em mim?
Não vou cair, não!
Estou me segurando bem!
Olha! Estou segurando com uma mão só!
Oooohhhh, aiiiiiiiiiiiiiiii”. ........
Ploffffft
Assim dizia Lola, que estava fora da janela, no décimo primeiro andar do prédio onde morava. Infelizmente, caiu...........
Ela confiava muito em si e, por isso, expunha-se demais aos riscos!
Rebelava-se contra a mãe que queria controla-la para não fazer isso!
Achava que a mãe era controladora, possessiva, insegura...
Evitar perigos pode ser necessário. Por mais confiante que sejamos, por mais que confiemos faz que nos exponhamos a outras pessoas, a situações e a substâncias podem alterar nossas percepções, nossos objetivos, nossos desejos e tudo isso aumenta as chances de que mais dia menos dia escorreguemos janela abaixo...
Por outro lado, evitar perigos demais sufoca a si próprio e ao relacionamento.

A nossa sociedade aprova certos sentimentos e condena outros

A nossa sociedade classifica os sentimentos e emoções segundo um contínuo que vai desde extremamente desejáveis até o outro extremo onde estão os sentimentos extremamente indesejáveis
Entre os sentimentos desejáveis estão a compaixão, a alegria a empatia e próximo do outro extremo, os indesejáveis, estão o ódio, a inveja e o ciúme.
“Homem não tem medo”, “Homem não chora”.
O ciúme é considerado um sentimento mostrado por aqueles que são imaturos e é um sinal de fraqueza.
A abordagem científica não classifica esses sentimentos e emoções usando termos avaliativos ou condenatórios. Pelo contrário, a atitude preponderante é de respeito e curiosidade. A curiosidade é pelas causas e funções e universalidade
Se o sentimento ou emoção é observado em todas as culturas e em espécies próximas ás nossa, a hipótese mais forte é que ele tem raízes genéticas.
Muitas expressões de emoções, por exemplo, provavelmente têm fortes influências genéticas. Elas são universais, mostradas por recém-nascidos, mesmo quando nascem cegos, reconhecidas precocemente e mostradas por espécies de animais próximos. Esse é o caso da alegria, raiva, nojo, surpresa, tristeza e medo.
Diga-se de passagem, que o ciúme é mostrado universalmente e também é mostrado por várias espécies de macacos onde os rivais são agredidos juntamente com as fêmeas que estão mostrando sinais de traição.
Muitos desses sentimentos e emoções têm funções bastante conhecidas: a nossa espécie nem sobreviveria sem eles. Este é o caso do medo por exemplo.
Medo de menos é mortal, medo demais é paralisante e mortal também.
Quem não tem medo de nada, morre em pouco tempo: atravessa na frente dos carros, dependura-se em janelas de prédios, enfrenta bandidos nas ruas.
Quem tem medo de mais, anula-se: não sai de casa por medo de assalto, não inicia namoros, não fala na frente de salas de aula. O medo útil é aquele que é proporcional aos riscos.
No caso do ciúme, os inconvenientes são mais óbvios do que os benefícios.
Ele é desagradável para todos que sentem ciúme. Também não é suportado por muitos que são objeto de ciúme (desconfiança, restrição, insegurança do ciumento). Causa fortes transtornos para o relacionamento: brigas, restrições, prejuízos a amizades, prejuízos para a carreira.
Pior de tudo é o ciúme exacerbado e baseado em medos irrealistas
No entanto, tal como o medo, a ausência de ciúme em quaisquer circunstâncias pode ser tão prejudicial como o ciúme exagerado em muitas circunstâncias.
Não ter ciúme de ninguém e em nenhuma circunstância é irrazoável e pode levar rapidamente ao final do relacionamento: os parceiros logo se envolvem com outras pessoas e desfazem o relacionamento original.
O ciúme benéfico é aquele que é proporcional aos riscos. Ele é ainda mais benéfico quando é encaminhado da forma certa.
O relacionamento pode terminar por diferentes motivos. Segundo pesquisas recentes, os principais desses motivos são o esvaziamento (os parceiros perdem o interesse um pelo outro e pelo relacionamento), brigas muito frequentes e graves e as traições.
Essas três causas são relacionadas. Por exemplo, se o relacionamento esvaziou ou se ficou desagradável devido a brigas, tudo isso aumenta as chances de traições.
Vamos abordar neste artigo apenas a última dessas causas das dissoluções de relacionamentos: as traições. O ciúme razoável ajuda a manter o relacionamento.

Prevenção e retaliação: duas medidas para diminuir as chances de traições

Nada melhor para diminuir as chances de traições do que um bom relacionamento. No entanto, abordaremos aqui dois outros mecanismos que servem para diminuir diretamente as chances de traições: medidas preventivas e medidas retaliadoras das traições.
Esses dois tipos de medidas geralmente, mas nem sempre, são motivadas pelo ciúme. Exemplo de outras motivações: interesse em manter o relacionamento que está sendo ameaçado por que ambos os parceiros estão se expondo demais a possíveis rivais.
Medidas preventivas contra traições
As prevenções a exposições ao risco são aquelas medidas que visam impedir que o parceiro se exponha demais a situações que aumentam as chances de envolvimento com possíveis rivais.
Medidas retaliadoras contra traições
As retaliações são aquelas sanções que ocorrem após a traição: terminar o relacionamento, pagar da mesma moeda, retirar privilégios, processar por danos morais e, infelizmente, agredir verbal e fisicamente, o que é completamente inadequado e intolerável.
A punição tem caráter vingativo: fazer sofre quem lhe fez sofrer. Todas as medidas legais funcionam assim: crime e castigo!
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