quinta-feira, novembro 13, 2025

Como eliminar barreiras que impedem de se mostrar, ver e atrair parceiros amorosos

 


(Ilustração ChatGPT)

Tornar-se um parceiro amoroso apropriado não exige ser extraordinário. Para que se abra a possibilidade de nascer o amor. Não é necessário ser “o mais bonito”, “o mais interessante” ou “o mais brilhante” da turma. Em geral, o que aumenta a chance de nascer o amor não é possuir características admiráveis excepcionais, e sim não ter características intoleráveis para aquela pessoa – tanto no plano absoluto (violência, desonestidade extrema, grosseria crônica) quanto no plano relativo (características que  diferem demais das suas próprias características: idade, aparência, nível de escolaridade etc.).

Ou seja:

  • Basta ter um capital inicial minimamente adequado. Ter um bom grau de afinidade demográfica (faixa etária, nível de escolaridade, contexto social etc.),
  • Ter ausência de vetos fortes: características insuportáveis para essa finalidade: enorme diferença de idade, nível de escolaridade, valores etc.

Muita gente preenche esses requisitos quando o alvo são pessoas do mesmo grupo demográfico. O problema não é “falta de gente boa”; o problema, muitas vezes, é não conseguir se enxergar e ser enxergado como parceiro amoroso adequado.


Capital inicial, vetos e o mínimo necessário para o amor

Podemos pensar assim:

  • Características admiráveis excepcionais (beleza muito acima da média, status altíssimo, talento extraordinário) ajudam a acender um fascínio inicial, uma “faísca”.
  • Mas, na prática, o que mais regula a chance de namoro e casamento são:
    • Semelhanças em muitas áreas: “Gente como a gente”.
    • Possibilidade de nascer atração romântica e sexual.
    • Ausência de características absolutas intoleráveis: violência, falta de caráter, vícios graves sem controle, desrespeito sistemático etc.
    • Ausência de características relativamente intoleráveis: coisas que, para aquela pessoa, são “não dá” – religião, posição política, estilo de vida, projetos de vida radicalmente divergentes, tipos de sexualidade, postura financeira, etc.

Se não houver vetos fortes e se o capital inicial for minimamente compatível e haver chances de nascer atração romântica e sexual, o que passa a mandar é convivência, visibilidade e acessibilidade. É aí que entram os papéis, a forma como a pessoa se apresenta e se deixa perceber.


Papéis amorosos e perda de visibilidade

Um ponto crucial:
Mesmo quando alguém teria capital inicial adequado, o papel amoroso pode ficar invisível se outros papéis forem carregados demais:

  • Só colega de trabalho;
  • Só amigo conselheiro;
  • Só figura profissional;
  • Só a “pessoa legal” do grupo.

Quando isso acontece, a pessoa pode ser ótima para ser parceira, mas não aparece cognitivamente como parceira amorosa. E aí o amor não nasce não por falta de qualidades, e sim por falta de enquadramento e de campo de visão amoroso.

Quando a parceira ou parceiro não tem capital inicial adequado para aquele alvo específico, o papel amoroso já começa com pouca visibilidade e outros papéis dominam.
Quando tem capital inicial suficiente e não há vetos, é a possibilidade e a visibilidade do papel amoroso que passam a fazer diferença.


Fazendo-se notar sem se entregar

A questão não é “seduzir” no sentido teatral; é aparecer como possível parceiro amoroso sem se colocar como “já conquistado”.

Alguns pontos que contribuem para o nascimento do interesse amoroso:

  • Mover-se no campo de visão do outro: estar presente, circular pelos ambientes em que a pessoa está, criar proximidade física e social.
  • Usar produção adequada (roupas, postura, cuidado com o corpo) que ressalte positivamente seus sinais de gênero e suas qualidades.
  • Apresentar comportamentos afiliativos (aproximadores, calorosos) e apaziguadores (que reduzem tensão e hostilidade).
  • Não se mostrar totalmente entregue, de forma que o outro sinta que ainda há algo a ser conquistado.
  • Mostrar animação com a vida, vitalidade e saúde: rir, brincar, dançar, “jogar a cabeça para trás e dançar” mesmo – isso comunica que a vida pulsa ali.

Ter ou criar oportunidades de encontro é decisivo:
frequentar “paqueródromos”, lugares em que as pessoas vão para conhecer algum pretendente, mas também ambientes em que o encontro acontece por outro motivo não amoroso (escola, trabalho, clube, curso, viagem, projeto).

A pessoa tende a nos “comprar” pelo valor que nos damos e mostramos ter, especialmente se percebe que temos opções. Tudo isso aumenta a chance de que o outro nos registre mentalmente como candidato amoroso, não apenas como cenário de fundo.


O mito da supersedução e da beleza excepcional

Muita gente acredita que, para aumentar as chances de iniciar um relacionamento amoroso, o principal é:

  • Ficar muito mais bonito,
  • Tornar-se altamente sedutor,
  • Aprender técnicas sofisticadas de conquista.

Tudo isso pode ajudar, claro. Mas talvez não seja o fator principal.

Se o amor dependesse de características extraordinárias, seria preciso supor que quase todo mundo é extraordinário, porque quase todo mundo se apaixona, desperta paixão e se casa.

É mais razoável supor que:

  1. O que bloqueia possibilidades amorosas são os vetos, absolutos e relativos.
  2. Uma vez que não haja vetos fortes, bastam:
    • visibilidade,
    • acessibilidade,
    • convivência,
    • sinais de abertura e interesse,
      para que, com o tempo, surjam atração, admiração e apego.

Daí a pergunta provocadora:

O que é belo atrai, ou aquilo que passa a nos atrair por outros motivos é que vai ficando belo?

Quando alguém se torna visível, se aproxima, gera esperança de reciprocidade e começa a ocupar espaço na nossa vida, tendemos a vê-la como mais bela e valiosa.


Admiração: causa ou efeito do amor?

A admiração não precisa estar totalmente presente no começo.

Em muitos casos:

  • Primeiro a gente convive,
  • Gosta da presença da pessoa,
  • Ela passa a ocupar espaço na nossa vida,
  • Depois: começa a admiração de qualidades que antes eram neutras ou pouco notadas.

As pessoas, em geral, admiram mais seus amigos do que desconhecidos. Parceiros amorosos, em geral, veem mais qualidades em seus parceiros do que em seus amigos. Mães tendem a ver mais valor nos próprios filhos do que nos filhos dos outros.

Essa evidência aponta para um mecanismo importante:

A afetividade que sentimos aumenta nossa percepção de valor do outro.
Os erros se tornam mais desculpáveis, as qualidades ficam mais salientes, a pessoa nos parece mais atraente.

Ou seja:
muitas vezes a admiração é produto do vínculo, e não o contrário.


Graça, fascínio e esperança de acesso

Claro, existe o fator graça/fascínio: uma pessoa pode, de saída, causar um impacto sensorial e emocional forte.

Funciona mais ou menos assim:

  1. Primeiro, há um impacto quase sensorial: rosto, corpo, voz, jeito, estilo.
  2. Em seguida, surge o desejo de que ela se interesse por nós.
  3. O interesse dela, se aparece, dá uma sensação de vitória, de satisfação.

Esse processo é análogo ao que acontece com objetos: um carro, um quadro, uma joia. Vemos algo bonito, sentimos impacto, depois podemos passar a desejá-lo. Mas há um elemento decisivo: esperança de posse ou de acesso.

  • Se existe alguma chance realista de acesso, o apego pode crescer.
  • Se algo é absolutamente inalcançável (um carro caríssimo, um iate de cem milhões de dólares), podemos até admirar, mas dificilmente vamos nos apegar e ficar ruminando aquilo.

Com pessoas, funciona igual:
Sem esperança mínima de reciprocidade ou de acesso, o fascínio tende a se manter mais no campo da fantasia passageira do que no da construção de vínculo.


Nem todo mundo se casa com “o mais desejável”, mas quase todo mundo ama

Quando perguntei a pessoas casadas se tinham se casado com a pessoa mais desejável do grupo na época do namoro e casamento, a grande maioria disse não.

Isso é totalmente esperado. Em qualquer grupo, há uma pequena quantidade de pessoas muito desejadas por quase todos, e, por isso, é impossível que todos fiquem com elas – há escassez e há escolhas mútuas entre os mais valorizados.

Mas quando perguntei se tinham se apaixonado pelos futuros cônjuges antes do casamento, a grande maioria respondeu sim.

Frases típicas:

“Ela me conquistou. No começo eu não a amava.
Foi se aproximando, insistiu, ficou perto, e aí eu desenvolvi meu amor por ela.”

Isso mostra que:

  • Não é preciso ser a pessoa mais desejada do ambiente;
  • É preciso, sim, não ter vetos fortes, ser minimamente compatível, estar num raio de visibilidade e convivência, e permanecer ali tempo suficiente para o vínculo trabalhar.

O lugar faz o líder; o lugar faz o amado

Nessa mesma linha de atributos construídos pelas circunstâncias, estudos mostram que, em grupos, o líder geralmente se senta na cabeceira da mesa, e sentar-se na cabeceira aumenta a chance de ser percebido como líder, mesmo quando a pessoa foi sorteada para sentar-se lá.

Da mesma forma:

  • Estar em posições de visibilidade,
  • Acessar lugares onde circulam possíveis parceiros,
  • Ocupá-los como alguém viável, disponível e sem vetos gritantes,

aumenta bastante a chance de que o papel de parceiro amoroso seja atribuído a você.

Nos casamentos arranjados, e em muitos namoros que começaram “por conveniência”, as pessoas não começam amando. O amor pode vir depois, com a convivência, e com isso:

  • Características negativas são relativizadas,
  • Características neutras viram positivas,
  • A percepção se distorce favoravelmente em direção à pessoa a quem estamos nos apegando.

É o mesmo mecanismo que faz a mãe ver seu filho como “o mais lindo”, o torcedor ver o seu time como mais valoroso, o amante ver seu amado como mais especial.


Dois caminhos, um mesmo fundamento

Podemos resumir assim:

  1. Caminho 1 – Faísca inicial
    • Capital inicial adequado, sem vetos fortes,
    • Há características admiráveis mais fortes (beleza, charme, status, talento),
    • Elas produzem fascínio rápido,
    • Se houver esperança de reciprocidade e ausência de vetos, o amor pode nascer “de cara”.
  2. Caminho 2 – Amor que vai surgindo

Nos dois casos, o ponto central é o mesmo:

A chance de nascer o amor depende muito mais de não haver características intoleráveis (absolutas e relativas) e de haver visibilidade, do que de a pessoa ter qualidades admiráveis excepcionais.

Ou seja:
para muitos de nós, o grande trabalho não é “virar alguém espetacular”, e sim:

  • Escolher e ser escolhido por alguém compatível
  • Abaixar as barreiras que nos separam das pessoas disponíveis atrás das próprias barreiras.
  • Tirar do caminho o que é intolerável (nosso e do outro),
  • Aparecer como parceiro amoroso possível,
  • Criar oportunidades reais de convivência,
  • (Texto editado com auxílio do ChatGPT)