domingo, janeiro 01, 2017

Evite frustrações no seu relacionamento: "Combine com os russos!"

Conta a lenda que antes do jogo do Brasil com a Rússia, na copa de 1958, o treinador Vicente Feola estava instruindo o nosso time sobre como proceder na partida quando a famosa pergunta foi apresentada por Garrincha.
Feola dizia algo assim para Garricha:
“Pegue a bola na nossa defesa, drible o meio de campo deles e, em seguida, drible a linha de defesa deles e, então, cruze a bola para o Mazzola que deverá chutar para gol”.
Garrincha ouviu tudo aquilo muito intrigado e, então perguntou para o Feola:
- “Você já combinou todas essas jogadas com os russos?”.
Pois bem, muita gente se mete em grandes encrencas na vida porque imagina muito bem como as coisas vão acontecer, mas esquece de combinar com os “russos” (parceiras).
Geralmente imaginamos a realidade social e amorosa como sendo muito mais fixas, mais seguras e mais coerentes do que são. Quando imaginamos isso e passamos a contar com elas dessa forma, a chance de ficar frustrado e decepcionado é grande. “Esquecemos-nos de combinar com a realidade” e, por isso, ela não vai cooperar com nossos planos.
Imaginamos fatos que não existiam e fizemos nossos planos contando com eles. Tais planos, nestas circunstâncias, têm baixas chances de darem certos porque eles não combinam com a realidade.
O que piora as coisas é que os “russos” (parceiras) também fizeram planos que nos incluíam, sem nos consultar. Neste caso, caberia à “Garrincha Russa” perguntar para o técnico daquele país: “Bela estratégia, mas você combinou com os brasileiros?”.

Contratos implícitos

Pesquisas psicológicas identificaram “contratos implícitos” que os cônjuges desenvolvem antes de se casarem. São suposições sobre como será o relacionamento amoroso, quais são os direitos e deveres de cada um quanto às tarefas caseiras; qual política será adotada quanto aos rendimentos e despesas do casal; como tratar os parentes, como deve ser o relacionamento entre pessoas que se amam, como será a vida social, amorosa, sexual e econômica de vocês. Depois que assumimos compromissos sérios, começamos a verificar que a parceira pensava de forma diferente. Vocês esqueceram-se de combinar a vida que teriam em conjunto.  
Essas suposições são implícitas porque nunca foram apresentadas e tratadas com o cônjuge. Elas só se tornam claras e conscientes quando são descumpridas. Ai o autor do contrato descobre que o outro cônjuge tinha outro tipo de contrato implícito sobre aquele item. Ou seja, nenhum dos dois “combinou com os russos”.

Suposições sobre nós mesmos que restringem o jogo

Além de imaginar como é a parceira, como deve ser a vida com ela, também temos uma porção de ideias e teorias sobre nós mesmos. Por exemplo, temos ideia sobre quem somos, como é a nossa personalidade, quais das nossas características pessoais que não podem ser mudadas, quais maneiras de relacionar que não abrimos mão. Muitas dessas concepções são fictícias e poderiam, sim, serem de outro jeito.
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