James, o marido, era muito bravo:
alterava-se facilmente, era muito crítico e intolerante e não hesitava
em esbravejar. Era um “reizinho”, déspota e mimado.
Mesmo assim, ou por isso mesmo, Kátia, a esposa, o adorava. Tentava prever tudo o que o agradava, e assim que descobria algo nesse sentido, agia de acordo: casa “nos trinques”, comidinha especial que ele gostava, cuidados para que suas roupas estivessem sempre impecáveis, programas do agrado dele, sexo do jeito que ele gostava….
Tentava prever tudo que o desagradava e se abstinha de agir de modo a incomodá-lo: nenhuma reinvindicação que pudesse contrariá-lo, gastos espartanos, evitação de visitas de parentes que ele não gostava,…
Claro que ele ficava contente com as coisas que ela fazia e deixava de ficar aborrecido com as coisas que ela deixava de fazer que pudessem desagradá-lo.
Os efeitos imediatos eram bons: para ele, ela era uma fonte contínua de satisfações e ausência de aborrecimentos.
O preço em médio e longo prazo do modo de agir Kátia foi muito alto. Ela foi perdendo a vitalidade. Foi deixando de saber o que queria e o que não queria. Esse tipo de percepção não era exercitado. Pelo contrário, era inibido. Tomar conhecimento dos seus próprios desejos e incômodos só atrapalhava os seus planos para atender as vontades do marido. Assim, foi a aprendendo a ignorar, logo no nascedouro, o que queria ou deixava de querer.
Ela foi deixando de ser uma fonte de novidades e desafios para o marido. Como era sempre cordata e não manifestava o que pensava e queria, relacionar-se com ela foi ficando cada vez mais monótono e desinteressante.
Tempos depois, ele arranjou outra mulher “mais viva, desafiadora e interessante”, e a dispensou.
Monotonia: uma das principais causas das separações
Nos primeiros anos do casamento pode acontecer uma nítida diminuição da satisfação dos cônjuges e um decréscimo de vários tipos de comportamentos que são desejáveis neste tipo de relacionamento (diminuição do sexo, das manifestações românticas, do desejo de passar tempo na companhia do cônjuge, etc.). Um dos motivos apontados para essa deterioração da qualidade do relacionamento é a diminuição de novidades provenientes dos comportamentos do parceiro.
Trocar de parceiros não é a solução indicada para combater esse tipo de diminuição das novidades. Quando há troca, o processo se repete rapidamente. A melhor solução é aprender como continuar a ser fonte de novidades.
Somos naturalmente variáveis
Não precisamos buscar a variabilidade e nem maneiras de introduzi-la artificialmente no relacionamento. Muita gente pensa que para haver novidades no relacionamento é necessário fazer novos programas, viajar, ir a motéis, introduzir novas práticas sexuais, etc. Tudo isso pode ajudar, mas essas práticas só são possíveis esporadicamente e têm outro tipo de conteúdo: são tentativas de suprir a monotonia do relacionamento pelas novidades de programas externos. A novidade mais nutritiva e vitalizadora é aquela que acontece momento a momento e tem origem no próprio relacionamento. Esse tipo de variabilidade não precisa ser procurado, ele é inerente ao ser humano. O que precisamos é da coragem de expressar parte da variabilidade que já existe em nós.
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG:
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/07/23/boazinha-demais-caminho-certo-para-perder-o-valor-para-o-parceiro/
Mesmo assim, ou por isso mesmo, Kátia, a esposa, o adorava. Tentava prever tudo o que o agradava, e assim que descobria algo nesse sentido, agia de acordo: casa “nos trinques”, comidinha especial que ele gostava, cuidados para que suas roupas estivessem sempre impecáveis, programas do agrado dele, sexo do jeito que ele gostava….
Tentava prever tudo que o desagradava e se abstinha de agir de modo a incomodá-lo: nenhuma reinvindicação que pudesse contrariá-lo, gastos espartanos, evitação de visitas de parentes que ele não gostava,…
Claro que ele ficava contente com as coisas que ela fazia e deixava de ficar aborrecido com as coisas que ela deixava de fazer que pudessem desagradá-lo.
Os efeitos imediatos eram bons: para ele, ela era uma fonte contínua de satisfações e ausência de aborrecimentos.
O preço em médio e longo prazo do modo de agir Kátia foi muito alto. Ela foi perdendo a vitalidade. Foi deixando de saber o que queria e o que não queria. Esse tipo de percepção não era exercitado. Pelo contrário, era inibido. Tomar conhecimento dos seus próprios desejos e incômodos só atrapalhava os seus planos para atender as vontades do marido. Assim, foi a aprendendo a ignorar, logo no nascedouro, o que queria ou deixava de querer.
Ela foi deixando de ser uma fonte de novidades e desafios para o marido. Como era sempre cordata e não manifestava o que pensava e queria, relacionar-se com ela foi ficando cada vez mais monótono e desinteressante.
Tempos depois, ele arranjou outra mulher “mais viva, desafiadora e interessante”, e a dispensou.
Monotonia: uma das principais causas das separações
Nos primeiros anos do casamento pode acontecer uma nítida diminuição da satisfação dos cônjuges e um decréscimo de vários tipos de comportamentos que são desejáveis neste tipo de relacionamento (diminuição do sexo, das manifestações românticas, do desejo de passar tempo na companhia do cônjuge, etc.). Um dos motivos apontados para essa deterioração da qualidade do relacionamento é a diminuição de novidades provenientes dos comportamentos do parceiro.
Trocar de parceiros não é a solução indicada para combater esse tipo de diminuição das novidades. Quando há troca, o processo se repete rapidamente. A melhor solução é aprender como continuar a ser fonte de novidades.
Somos naturalmente variáveis
Não precisamos buscar a variabilidade e nem maneiras de introduzi-la artificialmente no relacionamento. Muita gente pensa que para haver novidades no relacionamento é necessário fazer novos programas, viajar, ir a motéis, introduzir novas práticas sexuais, etc. Tudo isso pode ajudar, mas essas práticas só são possíveis esporadicamente e têm outro tipo de conteúdo: são tentativas de suprir a monotonia do relacionamento pelas novidades de programas externos. A novidade mais nutritiva e vitalizadora é aquela que acontece momento a momento e tem origem no próprio relacionamento. Esse tipo de variabilidade não precisa ser procurado, ele é inerente ao ser humano. O que precisamos é da coragem de expressar parte da variabilidade que já existe em nós.
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