sexta-feira, setembro 19, 2025

O “Efeito Dodô” em terapia: o que realmente faz diferença

 O nome “Efeito Dodô” vem de Alice no País das Maravilhas: há uma corrida sem regras, que termina de repente, e o Dodô anuncia — “Todos ganharam!”. Na psicoterapia, a metáfora aponta para a ideia de que diferentes abordagens terapêuticas produzem resultados semelhantes.

O que a pesquisa sugere

  • Equivalência geral: estudos clássicos encontraram resultados parecidos entre várias modalidades (psicanalíticas, humanistas, sistêmicas, cognitivas) quando comparadas entre si e com grupos sem tratamento.

  • Vantagem modesta da TCC: evidências mais recentes indicam leve superioridade média das terapias de base cognitivo-comportamental para alguns transtornos e desfechos, embora essa vantagem não seja universal.

Por que abordagens distintas funcionam?

Mais do que a técnica isolada, costumam pesar os chamados fatores comuns:

  1. Qualidade do terapeuta e da prática clínica: experiência, supervisão e habilidade relacional explicam uma parcela importante dos resultados, independentemente da escola teórica.

  2. Aliança terapêutica: colaboração, empatia e acordo sobre metas e tarefas.

  3. Expectativa e esperança (efeito placebo): a crença do paciente de que será ajudado aumenta engajamento e adesão, potencializando quaisquer procedimentos.

  4. Modelo crível: ter uma narrativa clínica coerente, compreensível e persuasiva ajuda o paciente a organizar problemas e persistir no tratamento.

Implicações práticas para terapeutas

  • Cultivar credibilidade: clareza do enquadre, comunicação profissional, coerência entre discurso e atitude.

  • Cuidar do contexto: consultório, apresentação pessoal e postura terapêutica transmitem segurança e favorecem a entrega do paciente.

  • Focar na aliança: definir objetivos compartilhados, oferecer feedbacks frequentes e ajustar o plano conforme a resposta do paciente.

  • Aprimorar a técnica: mesmo com fatores comuns fortes, técnicas baseadas em evidências ampliam a efetividade, sobretudo em quadros específicos.

Um alerta sobre “terapias” sem base

O fato de diferentes terapias funcionarem não legitima práticas sem fundamento científico. Se o “efeito” decorre apenas de expectativa e placebo — sem coerência teórica, sem evidência e sem monitoramento de resultados — trata-se de um ganho frágil e potencialmente enganoso. O padrão desejável combina fatores comuns bem conduzidos com técnicas validadas para o problema em questão.

Conclusão

As terapias, em geral, podem funcionar — mas não é tudo igual. Resultados dependem fortemente:

  • da competência do terapeuta e da qualidade da aliança;

  • da crença e motivação do paciente;

  • e, quando disponível, do uso de métodos com evidência para cada quadro.

O objetivo não é escolher “qualquer” terapia, e sim integrar fatores comuns sólidos com procedimentos eficazes, evitando intervenções pautadas apenas por crenças.

(Artigo editado pelo ChatGPT)