domingo, agosto 21, 2016

Combo amoroso: quem você é pode ser mais importante do que a forma como você se relaciona!

Neste artigo vamos analisar um fenômeno intrigante: muita gente se apaixona e mantêm relacionamentos com pessoas pouco qualificadas e, até, negativas e danosas. Outras se esforçam tanto para conquistar e manter relacionamentos e fracassam! Afinal, o é necessário para atrair, conquistar, desenvolver e manter relacionamentos? Todos aqueles cuidados que os manuais de relacionamento e livros de autoajuda prescrevem não têm a eficácia que apregoam? Veremos que outros fatores atuam para causar o sucesso ou o fracasso do relacionamento.

  Qualidades desejadas nos futuros filhos não influenciam muito os amores da grávidas pelos bebês

Meus alunos de pós-graduação pediram para mulheres grávidas que fizessem uma lista das características que gostariam que seus filhos tivessem. Montamos uma lista única com todas essas características citadas individualmente pelas mulheres e pedimos para outro grupo de grávidas que ordenassem, segundo suas importâncias, e depois que dessem uma nota de importância para cada uma das características da lista única.
A lita final não surpreendeu muito: as mães querem um filho saudável, bonito, inteligente, sociável, etc.
O mais interessante veio depois: após o nascimento, todas essas mães se ligaram fortemente aos seus filhos, independentemente do quanto eles correspondiam ao que elas desejavam nos futuros bebês! Embora as mães soubesse muito bem como gostariam que seus filhos fossem, elas acabam gostando deles mesmo que não nasciam com as características que elas gostariam que eles tivessem.
Ou seja, o amor das mães são construções preexistentes nelas e não depende das características dos filhos. Basta que estes atendam exigências mínimas (bebês e filhotinhos de outras espécies já nascem com os requisitos mínimos para disparar o amor das mães e de humanos: todos os filhotes têm cabeça grande em relação ao corpo, membros curtos, emitem sons de apelo, etc.).
Parte do amor já está pré-armado nas futuras mamães: elas têm concepções, fantasias expectativas sobre “a magia da maternidade”. Em parte, esses mecanismos são predisposições genéticas e, em parte, são moldados pela cultura que endeusa o papel de mãe. Todas as histórias ouvidas e assistidas em filmes e novelas que validam e formatam o papel de mãe.
Da mesma forma, muitos adultos já têm em si “um grande amor para dar”, e o desaguar desse amor não depende muito das características do parceiro. Sabe aquelas listinhas de características desejáveis em parceiros amorosos? Pois é! Elas enumeram características desejáveis do parceiro, mas não são características imprescindíveis para o nascimento do amor, tal como as características desejáveis dos futuros bebês não são imprescindíveis para despertar o amor materno quando eles nascerem!
Os mecanismos disparadores do amor filial, do amor por animaizinhos adotados, pela pátria, por vários tipos de deuses e entidades também já é, em boa parte, pré-existente naqueles que amarão assim que se depararem com as condições mínimas para que isso aconteça.

O combo amoroso

Ao avaliar o candidato para um relacionamento amoroso, acreditamos que estamos avaliando suas características pessoais. Sim, fazemos isso, mas, de fato, fazemos muito mais que isso e podemos dar muito menos importância que para os resultados dessas avaliações do que imaginamos.
Na realidade, quando avaliamos candidatos para o relacionamento amoroso, levamos em conta muitas outras coisas (nível sócio econômico, escolaridade, estilo de vida, etc.), em primeiro lugar, e só quando o candidato passa nesse exame é que avaliamos suas características pessoais.
Depois de atendidas as expectativas mínimas, ai sim, podemos dar importância para as características pessoais do candidato.
De forma análoga, quase todos os bebês e animaizinhos adotáveis preenchem requisitos mínimos para disparar todas as construções psicológicas (sentir amor, proporcionar cuidados, sentir saudades, etc.) que já temos pré-formadas e, portanto, já existentes em nós antes que estejamos na presença do “candidato”.
Os pontos obtidos na avaliação dos requisitos mínimos e aqueles obtidos nas avaliações pessoais são levados em conta na avaliação final do candidato. Dentre de certos limites, certas vantagens podem compensar certas desvantagens. Por exemplo, estar um pouco aquém do nível socioeconômico que queremos pode ser compensado por muito carisma do candidato.
O grau de importância do conjunto de características pessoais do candidato depende muito das características de quem está fazendo a avaliação. Aqueles que estão fazendo as avaliações podem atribuir graus de importância para o candidato que variam desde muito pouca importância até muita importância. Para certas pessoas, qualquer candidato que tenha as características mínimas será aceito (essas pessoas querem, acima de tudo, um relacionamento e não importa muito com quem – os “Maníacos”, estilo de amor identificado por John Alan Lee, são assim). Outras pessoas são mais exigentes neste quesito: além de exigir que o candidato atenda as exigências mínimas, elas também exigem que ele tenha diversos tipos de qualidades pessoais (isso acontece, por exemplo, com os “Pragmáticos”, outro estilo de amor identificado por Lee).

Muitas vezes, pouco precisa ser feito para atrair o parceiro

Certas pessoas se preocupam demais com aquilo que têm que fazer para atrair, conquistar e manter parceiros amorosos. Em muitos casos, nada precisa ser feito. Muita gente se apaixona por nós sem que tenhamos feito nada de específico para atrair. Só nosso jeito de ser foi suficiente para atrair parceiros. Muitas vezes, nem foi o nosso jeito de ser que causou a atração. Foram as imaginações e necessidades das pessoas atraídas que provocaram a atração, da mesma forma que nos ligamos a um gatinho ou um bebezinho que tivemos que cuidar por uns dias. Bebês e gantinhos não se esforçam para nos atrair… Suas características naturais (“jeito de ser”) são suficientes para disparar o nosso amor.
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