Como não temos acesso direto ao que se passa dentro da cabeça das outras pessoas, temos que nos basear em pistas para fazermos ideia do que se passa com elas, sobre o que elas pretendem conosco, sobre como estão reagindo à nossa presença e ao que fazemos. As principais dessas pistas são os seus comportamentos verbais e verbais.
Essas pistas não dão certezas porque:
- Os comportamentos não revelam claramente o que as pessoas estão sentindo e pensando.
- As pessoas são simuladoras e dissimuladoras: desconfiamos das informações que elas apresentam ou deixam de apresentar.
- Como os comportamentos podem ter diferentes causas, não sabemos interpretar direito porque eles estão ocorrendo.
Sondagens amorosas
É impressionante como adotamos mil cautelas para lidar com pretendentes amorosos que nos entusiasmam muito. Usamos mil estratégias para sondar o que se passa com eles, para tentar adivinhar o que estão sentindo e pensando e para colher pistas sobre a melhor forma de agir para agradá-los e conquistá-los.
Quando estamos conhecendo uma pessoa na qual estamos muito interessados, a nossa forma de agir é similar à caminhada em terreno minado: temos que nos cercarmos de mil cuidados. Qualquer passo em falso, podemos por tudo a perder.
Temos que ter muito cuidado com aquilo que expressamos, temos que interpretar muito bem o que está acontecendo em cada momento, temos que responder corretamente às inciativas da parceira, temos que tomar as iniciativas certas, temos que ler muito bem o que o outro está comunicando...
O relacionamento é muito frágil quando está sendo iniciado. Estamos fazendo os primeiros contatos. Além da grande atração mútua, não temos nenhuma segurança que seremos aceitos ou se a outra pessoa nos decepcionará ou se decepcionará conosco a qualquer momento. Os gestos que têm pouca consequência em um relacionamento sólido agora, no início, podem ser determinantes para fazer o relacionamento avançar ou cessar de vez.
Motivos para não sermos transparentes nos inícios de nossos relacionamentos
Além das dificuldades naturais para comunicar o que sentimos e pensamos e para entender o que o outro está comunicando, ainda existem vários motivos para não querer saber e para não revelar sentimentos e pensamentos. Alguns desses motivos são diversos:
- Medo da rejeição. A rejeição é muito dolorida. Muitas vezes preferimos não saber a verdade nua, quando ela é contra nós. Ao invés disso, preferimos sermos desestimulados gradualmente para evitar a dor aguda e salva a nossa cara.
Saber que nossa parceira ainda está pouca interessada em nós permite que continuemos a tentar conquista-la.
- Medo de que aquilo que é explicitado diminua a opção futura de cultivar o relacionamento. Revelar explicitamente que gostamos da parceira pode impedir que continuemos o relacionamento amistoso que tínhamos com ela. Esse relacionamento daria a chance para conquistá-la.
- Medo de aumentar demais a segurança da parceira e, por isso, diminuir o seu interesse. Quando a parceira está muito segura do nosso interesse, isso pode diminuir o seu interesse. Uma parte boa dos inícios dos relacionamentos são as vitórias que vamos conseguindo no jogo da conquista. Declarar que já está muito interessando na parceira é como contar o que acontece no final do filme: pode diminuir o interesse no enredo.
- Medo de diminuir o fator imprevisibilidade o que diminui a atenção do parceiro
- Medo de não pegar o outro na hora propícia: quando ele dá sinais, ele está no estado motivacional propício.
Esses motivos para não informar corretamente a parceira do que está se passando diminuem quando o relacionamento já estabeleceu ligações mais sólidas entre os parceiros: já solidificou a intimidade, o comprometimento já atingiu um bom nível e o casal já se estabeleceu como equipe para ganhar outras satisfações no mundo externo.
Verificação do interesse amoroso
A verificação amorosa é constituída por aquelas ações do verificador que o ajudam a esclarecer se um possível parceiro está amorosamente interessado por ele. Estas ações ajudam o verificador a interpretar melhor as razões pelas quais o parceiro está agindo da forma como age. Por exemplo, a verificação ajuda a entender se o parceiro está sendo tão gentil porque ele é assim com todo mundo, porque deseja obter um favor ou porque tem algum interesse amoroso. Ou seja, a verificação diminui a ambiguidade quanto às causas da ação do parceiro.
Vamos examinar o que consiste essa ambiguidade. Dizemos que um comportamento é amorosamente ambíguo quando existem pelo menos duas hipóteses diferentes para explicar a sua causa, sendo que uma destas possíveis hipóteses é que a sua causa é de natureza amorosa.
Esta ambiguidade acontece porque alguns tipos de comportamentos amorosos também aparecem em vários outros tipos de relacionamento. Por exemplo, ser atencioso, cordial e prestar pequenos favores são comportamentos que aparecem nos relacionamentos profissional, amistoso e amoroso. Por este motivo é difícil interpretar o motivo pelo qual uma pessoa está sendo gentil.
Outro exemplo ainda mais concreto: uma oferta de carona pode ter uma motivação amorosa (quem oferece a carona está interessado em iniciar um relacionamento amoroso com o carona), amistosa (quem oferece a carona está querendo reforçar a sua ligação amistosa com o carona) ou comercial (quem oferece a carona vai pedir um empréstimo durante o trajeto), ou se trata simplesmente de uma gentileza (“É o jeito dele. Ele faria isso para qualquer um”).
Como podemos aumentar o nosso grau de segurança da nossa interpretação das causas das ações de uma pessoa? Este aumento do grau de segurança pode ser obtido através do uso de um dos métodos de verificação do interesse amoroso. Vamos examinar agora como é este procedimento.
Zonas de Verificação
Existem várias medidas que podem ser tomadas para saber se um parceiro tem interesse amoroso. As eficácias destas medidas podem ser classificadas em quatro zonas. A Figura 1, abaixo, mostra estas zonas.
Zonas de Verificação | |||
Zona
| |||
Inócua
(neutra)
| Ambígua(ineficaz) | Eficiente(eficaz) |
Assédio
(ineficaz e molestadora)
|
Não são mostrados sinais de interesse amoroso, embora haja este tipo de interesse. | São mostrados sinais fracos de interesse amoroso. O parceiro também pode retribuir com este mesmo tipo de sinal. | São mostrados sinais de interesse amoroso que têm a intensidade adequada para a circunstância. | Os sinais de interesse amoroso continuam a ser apresentados, embora o parceiro já tenha apresentado sinais de desconforto e rejeição. |
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