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quinta-feira, dezembro 11, 2025

O poder da boa vontade para reconhecer os próprios erros


O poder da boa vontade para entender o que estamos fazendo, o que estamos errando, o que fizemos de errado, sem ser defensivo e sem atacar o outro, é enorme. Envolve aceitar as decorrências, reconhecer os sentimentos envolvidos e se dispor, de fato, a compreender o que está acontecendo. Conheci uma pessoa que tinha exatamente essa postura. Ele admitia o que fazia de errado, reconhecia quando tinha dito que faria algo e não fez. Quando era checado ou confrontado, ele não negava nem distorcia: era honesto naquele momento. Não necessariamente havia sido honesto antes, no ato falho ou na omissão, mas na hora da conversa ele se colocava com franqueza. Dizia: “Eu tenho essa fraqueza, eu não resisti, eu falei mesmo e não fiz. Eu entendo que isso te machuca, eu também não gostaria de ser assim. Eu ainda não estou entendendo completamente o que está acontecendo comigo”.

Esse modo de se portar produz uma sensação muito humana de que a pessoa não está se defendendo nem tentando se proteger atacando o outro. Ela está tentando entender, tomar consciência, ouvindo de verdade o que o outro sente. Acolhe a indignação, a mágoa, a raiva, e não se defende contra isso. Pelo contrário, reconhece, legitima e, muitas vezes, dá razão ao outro. Assim, ela apresenta, diante do outro, o fato – o que aconteceu –, incluindo o sentimento do parceiro a respeito daquilo. E pode, inclusive, se colocar como aliada na tentativa de modificar sua conduta, de fazer diferente da próxima vez, ainda que tenha dúvidas se conseguirá, se terá forças para isso. Não promete milagres, não garante uma mudança que não sabe se é capaz de sustentar. Assume apenas o que pode: “Eu estou vendo o problema e quero tentar, mas não sei ainda até onde consigo ir”.

Essa posição é muito poderosa porque, em geral, desarma ataques, acolhe a indignação do outro e, ao mesmo tempo, mostra alguém vulnerável, com limites, mas profundamente honesto naquele momento. A pessoa não faz teatro, não encena culpa exagerada, não se humilha nem se autodestrói. Também não transforma a conversa em autodepreciação (“eu não presto, eu sou um lixo”) para desviar o foco do que o outro sente. Ela se expõe de forma mais adulta: “Eu sou assim, estou vendo o problema, vejo o impacto em você, quero entender melhor e tentar mudar, mas não sei até onde vou conseguir”.

Diante disso, o outro tende a se desarmar. Em vez de ficar preso apenas na posição de acusador ou de construir fantasias de vingança, é levado a encarar o que está ali: um ser humano falho, mas capaz de reconhecer o que fez e o impacto que causou. Essa honestidade ajuda a reconstruir confiança e sensação de segurança emocional, porque mostra alguém que não precisa negar a realidade para continuar se sentindo minimamente inteiro.

No entanto, é importante sublinhar que essa postura, embora necessária, não é suficiente em todos os casos. Em relações marcadas por repetição de falhas graves, promessas jamais cumpridas ou situações de abuso físico, psicológico ou econômico, a boa vontade e a honestidade no momento da conversa não bastam. Se a pessoa reconhece, se emociona, admite suas limitações, mas continua repetindo o mesmo padrão prejudicial, a honestidade passa a ser insuficiente – e, em certos casos, pode até ser usada, consciente ou inconscientemente, para manter o outro preso à relação. A capacidade de reconhecer o erro é um passo essencial, mas precisa vir acompanhada, ao longo do tempo, de mudanças concretas de comportamento, ainda que graduais.

Também é fundamental reconhecer o direito do outro de não continuar na relação, mesmo diante de uma postura tão honesta e vulnerável. Alguém pode admirar essa forma de se posicionar, sentir empatia pela luta interna do parceiro e, ainda assim, concluir que não quer ou não pode seguir vivendo com aquele padrão de falhas, por mais reconhecidas que sejam. Em contextos de violência grave ou de danos reiterados, além da honestidade, podem ser necessários limites firmes, afastamento e medidas de proteção.

Ao mesmo tempo em que essa pessoa reconhece suas fraquezas, ela se coloca de um jeito muito forte: a força de quem assume o que fez sem se esconder atrás de justificativas, sem inverter culpa e sem entrar em guerra com o sentimento do outro. Quando essa boa vontade lúcida se combina, ao longo do tempo, com pequenos avanços concretos, ela pode se tornar um dos pilares mais importantes para reparar vínculos, reconstruir confiança e sustentar um sentimento de pertencimento e parceria real dentro da relação.

(Editado com a ajuda do ChatGPT)

terça-feira, dezembro 09, 2025

O Flerte: da troca de sinais ao compromisso

 

Da troca de sinais ao compromisso

O flerte não é só um jogo de olhares ou de frases espirituosas. Ele é, muitas vezes, a porta de entrada para uma sequência de decisões silenciosas que podem, pouco a pouco, levar a um compromisso amoroso. Visto de perto, o caminho costuma ter alguns degraus bem claros.

O primeiro passo é aceitar o contato.
Antes de qualquer coisa, alguém sinaliza: olha de volta, sorri, se aproxima, puxa assunto. O outro responde, devolve o olhar, não desvia, permite a aproximação, aceita que a pessoa se sente ao lado. Isso parece pouco, mas não é neutro: é o primeiro “sim”. É como se dissesse, sem palavras: “Você pode existir um pouco mais perto de mim.”

Em seguida vem aceitar a conversa.
Não é só responder por educação, mas sustentar minimamente a interação: olhar nos olhos, prestar atenção, comentar, perguntar, deixar a conversa correr um pouco. Aqui o flerte e a conversa começam a se misturar. Se a pessoa só responde monossilabicamente, o sinal é de bloqueio; se se abre, ri, pergunta de volta, o sinal é de aceitação.

Um terceiro degrau possível, às vezes já no primeiro encontro, é aceitar intimidade física: beijos, carícias, um contato corporal mais próximo. Esse passo já indica um grau mais elevado de abertura afetivo-erótica. Não é ainda compromisso, mas mostra que o outro foi lido como alguém com quem faz sentido viver uma experiência amorosa, não apenas uma boa conversa.

Outro passo importante é aceitar um novo encontro.
Dizer “vamos nos ver de novo?”, “me manda mensagem”, “vamos combinar algo no fim de semana” e ouvir um “sim” verdadeiro, não protocolar, é sinal de que houve aprovação. O encontro deixou alguma vontade de continuidade. Cada novo encontro aceito é um tijolo a mais na construção do vínculo.

Mais adiante, se a coisa evoluir, chega-se ao ponto de um pedido de namoro (ou algum equivalente contemporâneo: “estamos juntos?”, “é exclusivo?”). Aqui já entramos em outro regime: começam a valer regras, mesmo que implícitas – expectativas de prioridade, frequência de contato, certo grau de exclusividade, consideração mútua na organização da vida.

Esses degraus não são aleatórios. Eles dependem, ao mesmo tempo, de:

  • Capital inicial: aquilo que a pessoa já parecia ser, antes mesmo do convívio – aparência, jeito, mundo em que vive, sinais vistos no flerte, primeiras conversas.
  • O que aconteceu durante os encontros: como a conversa fluiu, se houve respeito, se houve sintonia, se a pessoa foi confiável, se inspirou segurança ou desconfiança, se provocou desejo.

Em alguns casos, o capital inicial é tão forte que o encontro funciona mais como um teste de veto do que como um lugar de construção do interesse. A pessoa já chega ao primeiro encontro quase com um “pré-namoro” na cabeça: está tão fascinada pelo que viu, imaginou e sentiu no flerte que o que vem a seguir precisa apenas não trazer nada muito negativo. Se não aparecer nenhum fato grave – falta de respeito, mentira gritante, sinais de risco – o entusiasmo inicial pode ser suficiente para a pessoa já se sentir, por dentro, “quase namorando”. Os encontros seguintes servem mais para confirmar impressões e checar confiabilidade do que para criar algo do zero.

Em outras situações, acontece justamente o contrário: o entusiasmo nasce durante os encontros. O capital inicial era apenas suficiente para justificar um café, uma caminhada, uma saída – nada mais do que isso. A química, a sensação de “quero ver de novo”, surge aos poucos: no jeito de falar, de ouvir, de brincar, nas histórias de vida, no modo de tratar o garçom, na maneira de lidar com um imprevisto. Aqui, o encontro não é só precaução, é fábrica de desejo e de admiração.

Em ambos os casos, o que importa é perceber que o flerte não é um capítulo isolado, que termina assim que “marcou o encontro”. O flerte é a língua em que esses convites e aceitações vão sendo feitos: do olhar que autoriza a aproximação, ao sorriso que incentiva a conversa; da mão que aceita ser tocada, ao “sim” para o próximo encontro; do corpo que se deixa beijar, à decisão de assumir um namoro.

Cada um desses pequenos passos é, ao mesmo tempo:

  • um sinal (mostra que a pessoa foi aprovada até ali),
  • um teste (permite ver como o outro reage à maior proximidade)
  • e um motor (se dá certo, alimenta o desejo de ir adiante).

Entender essa escadinha ajuda a tirar o mistério de muitos “sumiços” e de muitos namoros que parecem “nascer prontos”. Em geral, não é mágica: é a combinação de um certo capital inicial com o que acontece – ou deixa de acontecer – em cada degrau dessa sequência de aceitação. E o flerte está presente em todos eles, como o modo sutil de dizer “sim, pode chegar mais perto” ou “não, melhor parar por aqui”.

(Texto editado com a ajuda do ChatGPT)

segunda-feira, dezembro 08, 2025

Quando o valor da pessoa é determinado pelo seu modo de se comportar

 

O valor de uma pessoa pelo modo de ser e se comportar

Quando falamos em “valor” de uma pessoa como parceira amorosa, é fácil pensar logo em dinheiro, aparência, nível cultural, currículo. Esses fatores existem, claro, e fazem parte do capital inicial: ajudam a definir com que grupos eu tenho chance real de me conectar (homogamia) e se eu passo ou não pelos filtros de veto (não ter características muito desmerecedoras ou intoleráveis).

Mas, dentro do campo dos elegíveis – isto é, entre as pessoas com quem há razoável semelhança em nível de vida, sem vetos graves – o que decide o jogo deixa de ser dinheiro, beleza ou títulos.

Passa a ser, sobretudo, o modo como a pessoa é e se comporta, momento a momento, e o efeito contínuo disso sobre quem convive com ela.

Podemos organizar essas fontes de valor em três grandes blocos:

  1. Como a pessoa é – o seu modo de ser, sua energia, sua presença.
  2. O que ela faz na relação – como trata, escuta, apoia e lida com o outro.
  3. O prestígio que ela carrega – o valor simbólico de ser visto ao lado dela.

1. Capital de personalidade: valor pelo modo de ser

Aqui entram as qualidades que fazem alguém ser valioso pelo jeito de existir no mundo:

  • como lida com problemas e frustrações;
  • como aproveita a vida;
  • quanta energia coloca nas coisas;
  • sua capacidade de estar presente;
  • seu grau de responsabilidade;
  • sua independência e assertividade (sem agressividade);
  • sua abertura para ver coisas boas na vida, sonhar e agir;
  • ser batalhadora: querer algo e construir isso com esforço;
  • seu lócus de controle interno: sentir-se agente da própria vida;
  • sua disposição para expandir os limites do eu (aprender, evoluir, se transformar).

Esse conjunto produz algo que, em linguagem comum, chamamos de:

Não estamos falando de perfeição, nem de alguém que vive num estado de euforia permanente.

Pontos importantes aqui:

  • Pessoas mais tranquilas, introvertidas ou contemplativas também podem ter alto valor de personalidade:
    • pela calma que transmitem,
    • pela profundidade com que pensam,
    • pela estabilidade e coerência,
    • pela delicadeza com que se relacionam.
  • O que conta não é ser “performático”, mas ser uma pessoa viva por dentro, com algum tipo de energia própria:
    • pode ser energia expansiva (quem agita, cria, puxa);
    • ou energia serena (quem organiza, acalma, oferece porto seguro).

Quando há homogamia básica (nível de vida, valores, estilo de mundo) e ausência de defeitos excludentes, esse capital de personalidade passa a ser decisivo.

É ele que faz alguém se destacar, dentro do universo em que ambos sabem que têm chance real de se escolher e ser escolhido.


2. Capital relacional: valor pelo que faço com e para o outro

É o aspecto mais falado nas redes sociais quando se discute “como melhorar relacionamentos”:

  • saber ouvir,
  • apoiar,
  • validar,
  • dar importância,
  • conversar com atenção,
  • querer o bem do outro,
  • ajudar materialmente quando possível,
  • ser confiável,
  • ser comprometido.

Isso tudo é, de fato, muito importante. É o que faz a pessoa ser boa companhia, boa amiga, boa parceira: alguém com quem posso contar e diante de quem posso me mostrar.

Mas há uma nuance crucial:

As mesmas ações têm pesos muito diferentes dependendo de quem as realiza.

Ouvir, validar e apoiar são ótimos.
Mas:

  • quando isso vem de alguém que considero admirável, íntegro, carismático, que leva a vida com coragem e responsabilidade,
  • o impacto é bem diferente de quando vem de alguém em quem não confio, não admiro ou vejo como pouco consistente.

A mesma frase de apoio:

  • pode ser profundamente curadora se vem de alguém que eu respeito e cuja opinião valorizo;
  • ou pode quase não mexer comigo se vem de alguém que eu não levo muito a sério.

Por isso, capital relacional (o que faço pelo outro) e capital de personalidade (quem eu sou) não podem ser separados.

Na relação saudável:

  • eu não anulo o interlocutor;
  • reconheço seus méritos;
  • tento entender o que se passa com ele;
  • ajudo, dentro do possível, a se realizar.

Mas também:

  • não viro apenas um “prestador de serviço emocional”, que só valida, apoia, incentiva e se apaga.
  • o cuidar precisa ter limites para não virar servidão:
    • eu cuido do outro sem abandonar a minha própria vida e dignidade.

3. Capital simbólico: valor pelo prestígio que irradia

Uma terceira fonte de valor é o prestígio social que a pessoa carrega:

  • o respeito que ela tem no seu meio;
  • a admiração que desperta nos outros;
  • o reconhecimento de sua competência, ética, trajetória.

Estar com alguém assim costuma ser:

  • lisonjeiro (“alguém assim me escolheu”),
  • validante (“se essa pessoa me quer por perto, devo ter valor”),
  • um selo indireto de qualidade para quem está ao seu lado.

É natural que isso pese:

  • sentir que a pessoa é admirada, respeitada, bem-vista socialmente,
  • perceber que, de algum modo, estar com ela também comunica algo sobre mim.

Esse capital simbólico é real e conta. Mas tem dois lados:

  1. Lado luminoso
    • Inspira crescimento (“quero ser alguém à altura desse vínculo”);
    • Dá orgulho de apresentar o outro;
    • Reforça a autoestima de forma saudável quando combinado com respeito mútuo.
  2. Lado sombrio
    • Pode gerar relações assimétricas, em que um se sente “lá em cima” e o outro “sempre abaixo”;
    • Pode levar a idealização: “qualquer migalha dessa pessoa já está bom, porque o valor dela é enorme”;
    • Pode ser usado (consciente ou não) como instrumento de poder e manipulação:
      • “Você tem sorte de estar comigo”;
      • “Veja bem se quer perder alguém como eu”.

Por isso, é importante lembrar:

O prestígio aumenta o impacto das ações da pessoa – para o bem e para o mal.

Um elogio vindo de alguém muito admirado pode levantar o dia.
Uma crítica ou rejeição, vinda da mesma pessoa, pode doer dez vezes mais.

Relações mais saudáveis tendem a caminhar na direção de:

  • admiração recíproca,
  • reconhecimento dos pontos fortes de ambos,
  • lugar para vulnerabilidades dos dois, sem um viver eternamente como “o inferior”.

4. Quando a homogamia está dada, quem decide o jogo?

Se coloco tudo isso junto, o quadro fica mais ou menos assim:

  1. Primeiro, preciso passar pelos filtros básicos:
    • homogamia razoável (não estar muito acima ou muito abaixo do mundo do outro);
    • ausência de vetos fortes (características realmente desmerecedoras ou intoleráveis).
  2. Dentro desse campo de elegíveis, o que começa a decidir o jogo é:
    • o meu modo de ser (capital de personalidade),
    • o meu modo de me relacionar (capital relacional),
    • o prestígio simbólico que carrego e a forma como lido com ele.

E, nesse ponto, é fundamental notar:

  • dinheiro, beleza, grau de escolaridade continuam importantes,
  • mas não são eles que atuam momento a momento na interação.

O que vai realmente:

  • prender a atenção,
  • me modificar,
  • me dar vida,
  • me fazer reagir e ser reagido,

é o jogo fino do dia a dia:

  • a vibração da pessoa;
  • a forma como ela olha para mim;
  • o tipo de atenção que concentra em mim;
  • o prazer (ou o desgaste) de estar na sua companhia;
  • a confiabilidade;
  • a construtividade;
  • a positividade sem negação da realidade;
  • a transparência;
  • a coragem de falar e ouvir coisas difíceis;
  • a maneira como tudo isso acontece sem me desmerecer, sem me pôr para baixo.

Quando encontro alguém assim – com base homogâmica adequada, sem vetos fortes e com esse tipo de presença e relação – é isso que, na prática, decide o jogo.

É com isso que eu convivo.
É isso que está ativo momento a momento, continuamente, muito mais que a conta bancária ou o diploma pendurado na parede.


5. A combinação que torna o vínculo especial

Podemos resumir assim:

Um relacionamento se torna especialmente valioso quando, na experiência do cotidiano, se combinam pelo menos dois grandes movimentos:

  1. “Estou com alguém que admiro”
    • pessoa com valor de personalidade e simbólico: íntegra, viva, responsável, interessante, com qualidades que respeito.
  2. “Esse alguém que admiro realmente me considera”
    • me ouve,
    • me dá atenção,
    • leva minhas questões a sério,
    • quer o meu bem,
    • contribui para eu me realizar.

Quando essas duas coisas acontecem juntas:

  • não é só “alguém legal que cuida de mim”,
  • nem só “alguém admirável que mal olha na minha cara”.

É alguém de alto valor, aos meus olhos, que me escolhe e me trata como alguém valioso também.

Essa combinação é uma das grandes forças que explicam:

  • porque certos vínculos nos transformam;
  • porque certas relações, quando acabam, doem tanto;
  • porque às vezes aceitamos menos do que deveríamos, só para não perder a validação de alguém que consideramos muito.

O desafio, para quem pensa o amor de forma adulta, é construir relações em que:

  • ambos tenham valor e se vejam com respeito,
  • ambos recebam e ofereçam cuidado,
  • o prestígio de um não esmague o outro,
  • o cuidar não vire servidão,
  • e em que o “jogo sendo jogado momento a momento” seja, na média, algo que nos põe mais de pé do que de joelhos.

 

 

 Devemos considerar ainda que, quando há o ponto de fusão, a pessoa perde a objetividade: o outro se torna valioso, insubstituível.

Aí, todas as coisas que ela faz ou deixa de fazer são reavaliadas; a gente perde a objetividade.

Quando a gente admira, quando a gente considera alguém um líder, um mito – isso também acontece no relacionamento amoroso e com filhos – o outro fica acima da crítica em grande parte.

Ele tem um valor tão grande que as coisas que vêm dele nós temos tendência a:
– aceitar;
– distorcer favoravelmente;
– e, no caso das coisas ruins, diminuir, subestimar.

Nesse ponto, outros comportamentos são reavaliados favoravelmente ao parceiro.


Observações breves

Você introduz aqui um componente crucial: a distorção da percepção quando há fusão/apaixonamento intenso ou idealização.

  • O “ponto de fusão” (apaixonamento, amor parental, idolatria de líder/mito) faz o outro se tornar:
    • insubstituível,
    • acima da crítica,
    • um referencial absoluto.
  • Isso mexe diretamente com a análise anterior sobre valor:
    • antes, falávamos de atributos reais (modo de ser, modo de se relacionar, prestígio) e seus efeitos;
    • a partir de certo nível de apego e admiração, a mente passa a recalcular tudo a favor do outro:
      • ações neutras viram provas de valor;
      • ações ruins são minimizadas, racionalizadas, até invertidas.

Isso é praticamente a cristalização stendhaliana aplicada esse modelo:

o valor objetivo da pessoa importa, mas, depois do ponto de fusão, o valor subjetivo explode e distorce a leitura do comportamento real.

 “Quando o valor explode: fusão, idealização e perda de objetividade”, mostrando como o mesmo mecanismo que dá força ao vínculo também aumenta o risco de cegueira, tolerância a maus-tratos e autoengano.

(Texto editado com a ajuda do ChatGPT)