segunda-feira, dezembro 26, 2016

A arte de relacionar-se sem pressionar demais a parceira

A exigência excessiva acontece quando o relacionamento está mais baseado em exigências do que em motivações positivas intrínsecas.
O sucesso do relacionamento depende tanto daquilo que fazemos de bom para as parceiras como daquilo que não fazemos de mau para elas.
Estou convencido que as pressões excessivas são muito ruins para e, por isso, são um dos principais motivos da perda de vitalidade dos relacionamentos.
A pressão sobre a parceira não deve ser a principal motivação para que ela satisfaça as suas expectativas. A motivação mais importante para este fim deve ser o prazer que ela sente por agir assim.
Para não pressionar demais é necessário identificar aquilo que as parceiras estão intrinsecamente motivadas para fazer conosco ou por nós e administrar de outra forma, sem pressioná-las, aquilo que queremos delas, mas que elas não estão positiva e intrinsecamente motivadas para fazer.
Relacionamentos onde prepondera o prazer de relacionar são leves e prazerosos.

O controlador é controlado

Quando alguém usa pressão para controlar a parceira de relacionamento, a sua presença e os seus atos, que eram agradáveis, vão perdendo suas qualidades positivas e passam a ser negativos.
Quem usa controle negativo, também sente efeitos negativos. Por exemplo, sente que quer mais o outro do que vice-versa.
Quem usa o controle como forma principal de relacionamento fica sempre vigilante; sempre tem que intervir para obter o que deseja do outro; não é objeto de iniciativas positivas espontâneas e convincentes da parte do outro. Quem é controlado negativamente produz o mínimo para não receber a consequência negativa. Por isso, mostra má vontade e falta de energia quando toma iniciativas desejáveis em relação à parceira.
Quando o controle cessa, os comportamentos também desaparecem. Eles não permanecem porque eram mantidos por consequências negativas.
As circunstâncias onde ocorrem pressões acabam sendo associadas com os negativos usados. Tudo que lembra o pressionador e seus comportamentos vai ficando desagradável.
Fazer algo porque é obrigado, é trabalho. Diminui as chances de fluir. Algumas coisas são muito aversivas quando feitas por obrigação.

Condições para relacionar-se sem pressões excessivas

Para adotar o estilo de relacionamento sem pressões excessivas é necessário que estejamos profundamente convictos que pressionar excessivamente nossos entes queridos não é um bom negócio!
Não se trata de ser bonzinho
Adotar esse estilo de relacionamentos não significa tornar-se bonzinho e aceitar tudo que venha da parceira ou se conformar com tudo que ela não quer fazer conosco ou por nós. Significa, sim, ser capaz de atender as próprias necessidades não satisfeitas pela parceira através de alteração das próprias expectativas ou possuir recursos para atendê-las de outras formas (em outros relacionamentos ou em outras situações) ao invés de cobrar e exigir que a parceira, que não está intrinsicamente motivada, proporcione o que queremos.
Creio que é possível ter algum tipo de relacionamento positivo com quase todo mundo. Basta que esse relacionamento aconteça naqueles campos onde ambos os parceiros tenham motivações positivas para se relacionarem.
Claro, quando você segue suas próprias motivações, isso pode funcionar como pressão sobre o outro! Mas, este tipo de pressão é um problema do outro e não seu! Rs.
Atitudes e medidas necessárias para relacionar-se de forma não controlada
Temos o direito de não aceitar relacionamentos com parceiras que não tenham motivações positivas para ficar conosco.
Devemos avaliar se aquilo que a parceira tem para nos oferecer é suficiente ou supera as nossas expectativas que temos com ela ou será necessário ou vantajoso redefinirmos o tipo de relacionamento que temos como ela para outro que envolva diferentes graus e tipos de expectativas.
Temos que ter alternativas para satisfazermos nossas necessidades sem sobrecarregar desnecessariamente a parceira.
A melhor maneira de se relacionar de forma não controladora exige diversas atitudes e medidas. As principais delas são as seguintes:
1- Ficar plenamente convencido das vantagens dessa forma de agir e das desvantagens do controle.
(2) Temos que tomar a decisão de não achar que temos direito de exigir que a parceira atenda nossas expectativas, opte sempre por nós, por nossa companhia, por fazer coisas conosco.
(3) Devemos ter atrativos suficientes para que a parceira prefira nossa companhia às outras coisas que ela poderia fazer ou pelo menos, que podemos arranjar outra parceira que opte por nós.
4- Ficar plenamente ciente das formas explícitas e sutis de exercer pressão
5- Não estar sob controle excessivo do que esperamos da outra pessoa. Se precisarmos demais da boa vontade da parceira, abster-se de controlá-la será muito difícil.
Uma forma de não precisar demais é ter opções: programas, amigos, atividades prazerosas. Outra forma é diminuir as fantasias grandiosas sobre o outro e que pode contar sempre com o outro
6- Não sentir-se ameaçado quando a parceira não optar por você. As pessoas podem ter motivações momentâneas para fazer coisas que não incluam você. Isso não significa que elas não gostam de você e que vão abandonar você.
7- Ter condições de redefinir o relacionamento para aquilo que cada um pode oferecer para o outro ou terminar o relacionamento ou ter condições e lucidez para reduzir o relacionamento para outro nível de comprometimento que seja aceitável.

Candidatos a controladores

Certas pessoas são mais propensas para usar a pressão para obter o que querem do que outras pessoas. Geralmente essas pessoas têm uma ou mais que uma das seguintes características tem mais propensão para usar negativos
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG: 
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/12/25/a-arte-de-relacionar-se-sem-pressionar-demais-a-parceira/

domingo, dezembro 18, 2016

Carência afetiva, privação afetiva ou confusão com outros tipos de carência?

As pessoas que sentem necessidades afetivas podem ser classificadas em três grupos: os (1) “carentes afetivos” (aqueles que são inseguros afetivamente e precisam de manifestações contínuas de afeto), os (2) “privados afetivos” (aqueles que têm necessidades saudáveis de afeto, mas não estão sendo atendidos neste setor) e os (3) “confusos afetivamente” (aqueles que confundem outros tipos de carência com carência afetiva). Claro, todo mundo tem um pouco de cada um desses três tipos de causa de necessidades afetivas.
Neste artigo vamos apresentar esses três tipos de causas das necessidades afetivas e apontar que para cada uma delas existem soluções específicas.

Carência afetiva

Dizemos que uma pessoa é carente afetiva quando ela sente muita falta de afeto e esse sentimento pode ser facilmente disparado por pequenos acontecimentos (pequenas desatenções do parceiro, pequenos fatos enciumadores, ligeira frieza no tratamento, etc.). Pessoas carentes geralmente são classificadas como “pegajosas”, “grudes”, “asfixiantes”, “ciumentas” e “possessivas”.
Descrição de carência afetiva
A seguinte descrição capta bem as principais características da “carência afetiva”. Ela descreve o estilo de apego “ansioso ambivalente”, que mostra sinais fortes de carência afetiva. Essa descrição foi apresentada por Shaver, Hazan e Bradshaw em um teste os estilos de apego para identificar ansiosos ambivalentes (Veja a citação, na Nota, no final deste artigo). A escala abaixo da descrição foi acrescentada por mim.
“Carente afetivo” ou ansioso-ambivalente
Leia a seguinte descrição e use a escala abaixo para avaliar quanto você se identifica com ela. Se você responder à esquerda do zero, você se avalia como oposto ao que está descrito.
Eu acho que as outras pessoas se sentem relutantes em ficar tão íntimas comigo quanto eu gostaria. Eu frequentemente me preocupo porque acho que meu parceiro não me ama realmente ou não quer ficar comigo. Eu gostaria de me unir completamente com a outra pessoa e este desejo, às vezes, afugenta as pessoas.
Discordo                   |-----|-----|-----|-----|-----|-----|   Concordo
completamente     -3      -2       -1      0       1       2       3               completamente      
Quanto mais para a esquerda você respondeu, mais oposto a esta descrição você se avaliou e, portanto, mais oposto ao carente afetivo você é. Quanto mais para a direita do zero você respondeu, mais você se identificou com a descrição e, portanto, mais carente afetivo você é.

Causas da carência afetiva

Existem varias teorias que tentam explicar as variações na intensidade da carência afetiva. Uma das mais convincentes é a Teoria do Apego.
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/12/18/carencia-afetiva-privacao-afetiva-ou-confusao-com-outros-tipos-de-carencias/

sábado, dezembro 10, 2016

Relacionamentos possíveis: a arte de bem viver!

“Você não tem mais tempo para ficar escolhendo tanto (nunca teve): tem que pegar o que pode e o que a vida lhe oferece!”
“Solte o freio de mão! Sua vida não valerá a pena se o freio de mão continuar puxado!
Neste artigo vou apresentar reflexões sobre a sabedoria de abrir mão, pelo menos temporariamente, de parte daquilo que você quer para poder viver e aproveitar relacionamentos maravilhosos!

Relacionamento possível

Havia muita “química” entre Joel e Amanda: ela preenchia o seu modelo mental de “mulher” e ele, o dela, de “homem”. Cada um despertava no outro fortes sentimentos românticos e muita atração sexual.
No entanto, ela impedimentos sérios que impossibilitavam que eles assumissem publicamente qualquer tipo de relacionamento amoroso. Por isso, seus encontros aconteciam às escondidas e eles sabiam que sempre seria assim.
No início, ele se revoltou contra a impossibilidade de viverem plenamente esse amor e interrompeu o relacionamento. Esse rompimento durou pouco: ele logo percebeu que se aceitasse o que ela podia oferecer, poderiam ter ótimos momentos. Além disso, eles se sentiam unidos o tempo todo: estavam psicologicamente presentes na mente do outro o tempo todo.
Renderam-se a essa realidade e resolveram topar a parada. Depois que tomaram essa decisão, ficaram contentes, sem revoltas, sem cobranças e sem ressentimentos. Era o que tinham para o momento.

Algum tipo de relacionamento quase sempre é possível entre duas pessoas quaisquer.

É só elas concordarem quanto aos direitos e deveres que estão dispostas a assumir, que ele acontecerá.
Como só concebemos relacionamentos que podem ser enquadrados em certas classificações (namoro, casamento, amizade, colega, etc.) e atendem aos seus requisitos (exclusividade, direitos, deveres, restrições), descartamos aqueles relacionamentos que não se enquadram em uma dessas classificações.
Se você descobrir o tipo de relacionamento que é possível com cada pessoa, será possível relacionar-se com quase todas elas.
Se você estiver disposto a modificar seu “contrato” de relacionamento, talvez não seja necessário terminar aqueles que você já tem e estão apresentando problemas.

Não importa as classificações. Vou viver o que for significativo para mim

O reconhecimento que as classificações dos relacionamentos amorosos refletem pontos de vista, conceitos morais e preconceitos neste setor libera quem faz esse reconhecimento para considerar o que está acontecendo sob outras óticas, perspectivas e referenciais. Pessoas que se liberam dessas classificações sociais e suas conotações podem dar mais força para o que está ocorrendo com elas e menos importância para o fato daquilo que estão vivendo se enquadrar ou deixar de se enquadrar nas classificações vigentes.

Vantagens e desvantagens de relacionamentos não classificados

Não se enquadrar em definições pré-existentes obriga o casal negociar ponto por ponto as regras do relacionamento. O relacionamento fica mais personalizado pelo que os envolvidos querem, mas é mais trabalhoso, porque tem que sempre estar sendo definido e contratado. Além disso, ele não conta com o apoio e pressão da sociedade para ser mantido dentro das normas acordadas entre o par. Por exemplo, como a exclusividade sexual é uma das normas sociais do casamento, quando um dos cônjuges arranja outro parceiro, ele é condenado e sancionado socialmente.
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG:
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/12/10/relacionamentos-possiveis-a-arte-de-bem-viver/

sábado, dezembro 03, 2016

O esforço temporário pode mudar suas motivações e seus estados de espírito

Ninguém gosta de fazer esforços e agir deliberadamente para iniciar novos relacionamentos. Nada melhor do que essas coisas acontecerem naturalmente, sem nenhum artificialismo. No entanto, quando as situações atuais não oferecem boas oportunidades para iniciar relacionamentos amorosos e não há motivação suficiente para expor-se a outras situações, é necessário fazer esforço para mudar as coisas.

Duas histórias ilustrativas

Considere as seguintes histórias de pessoas que fizeram esforço para mudar e foram bem sucedidas:
Josie se esforça e volta a namorar
Josie estava sem namorado há bastante tempo. Nos meios sociais e profissionais que ela frequentava, não havia ninguém disponível que a interessava. Ela não gostava de ir a baladas e também não gostava de aplicativos para iniciar relacionamentos.
Ou seja, ela estava sem namorado, não havia ninguém disponível que a interessasse nos meios que ela frequentava e ela não gostava de nenhuma das atividades que poderiam colocá-la em contato com novos possíveis parceiros.
Ela era razoavelmente atraente. Bastava expor-se a possíveis parceiros, em situações que facilitassem inciativas amorosas, que eles fariam contato.
Ela tinha boa capacidade para se ligar a novas pessoas quando tinha oportunidade de conversar com elas. Bastava conversar um pouco com pessoas receptivas para ela se envolver. Esse envolvimento gerava energia e interesse intrínsecos suficientes para manter os novos relacionamentos, sem necessidade de novos  esforços, portanto.
Assim, sendo, para sair da solteirice, o que ela tinha que fazer era passar temporariamente pelo desconforto de ir a locais que oferecessem oportunidades de contato com possíveis parceiros ou fazer usos de aplicativos para iniciar relacionamentos.

Cândido se esforça e consegue superar a tristeza do fim do namoro
Crer que existem situações e acontecimentos motivadores, crer que expor-se a elas da forma certa produz envolvimento e gera motivação, que há caminho eficiente para chegar lá e que consegue percorrer esse caminho possibilita e suscita a motivação.
A namorada de Cândido terminou o namoro com ele. Ele gostava dela, não queria terminar e, por isso, ficou muito abatido. Ele, no entanto, possuía um caminho muito eficiente para recuperar-se o mais rapidamente possível daquele pesar que estava sentindo: embora a dor que sentisse lhe tirasse a vontade para quase tudo, ele sabia que havia novas pessoas interessantes por ai, que podia atrai-las, e que elas se envolveriam com ele, e ele com elas, caso houvessem as oportunidades adequadas para fazer e ficar em contato com elas. Era só fazer o caminho de novo para essas novas relações.

No início, não teria vontade de começar atividades que facilitariam encontrar essas mulheres. Teria que esforçar-se para isso. Mas, logo que começava a se relacionar com alguém interessante e receptivo, a energia do relacionamento lhe emprestava motivação.

Quando o esforço vale a pena
1 – Você está precisando de ânimo ou motivação?
2- Você conhece alguma situação ou atividade que poderia contagiá-lo da forma que você precisa?
3- Você sabe o que fazer para criar ou se expor a essa situação ou atividade motivadora?
4- Você confia que esse caminho o levará a essa a essa situação ou atividade?
5- Você sabe como expor-se adequadamente a essa situação?
5- Você confia que se expondo adequadamente, há uma boa chance de ela contagiá-lo.
6- Você tem motivação suficiente para pegar o caminho até a situação e manter-se nela até que ela comece a envolvê-lo?

O esforço para expor-se a uma situação ou atividade potencialmente motivadora, seja ela amorosa ou não, com a finalidade de animar-se, funciona e vale a pena quando:

– Cremos firmemente que conhecemos o caminho para chegar essa situação motivadora. Conhecer o caminho e confiar nele é meio caminho andado (rs).
– Cremos que temos as habilidades necessárias para trilhar o caminho e para lidar com a situação da forma adequada para que ela nos envolva positivamente. A falta dessa crença é um dos principais motivos do desânimo.
– Temos motivação suficiente para trilhar o caminho até a situação e permanecer nela ou sabemos como recrutar motivação suplementar para essas tarefas. Muita gente decide no meio do caminho porque não tem motivação suficiente para persistir até obter resultados.
– O esforço para trilhar o caminho e expor-se suficiente e adequadamente à situação não é grande demais. Quando o esforço é grande demais, ele se torna muito aversivo e frustrante, o que aumentará muito as chances de desistirmos e impedirá que a nova situação se instale.
– O esforço é temporário. Ninguém quer permanecer por muito tempo em situações desagradáveis, onde há necessidade de comportar-se artificial e deliberadamente O esforço vale a pena, quando ele é temporário e produtivo. Em seguida, ele será substituído por motivações naturais geradas pela nova atividade, pessoa ou situação. As coisas boas da nova situação substituirão gradativamente a necessidade do esforço.

– A exposição na nova situação ou atividade promoverá restruturação cognitiva positiva: mudaremos favoravelmente aquilo que pensávamos sobre a situação e de nós mesmos. Por exemplo, perceberemos que lidar com esse tipo de situação é mais fácil do que imaginávamos e que temos, sim, habilidade para lidar com ela.
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG:
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/12/03/o-esforco-temporario-pode-mudar-suas-motivacoes-e-seus-estados-de-espirito/

domingo, novembro 27, 2016

Você é eficiente para conferir o grau de interesse amoroso do seu parceiro amoroso?


Como não temos acesso direto ao que se passa dentro da cabeça das outras pessoas, temos que nos basear em pistas para fazermos ideia do que se passa com elas, sobre o que elas pretendem conosco, sobre como estão reagindo à nossa presença e ao que fazemos. As principais dessas pistas são os seus comportamentos verbais e verbais.
Essas pistas não dão certezas porque:
- Os comportamentos não revelam claramente o que as pessoas estão sentindo e pensando.
- As pessoas são simuladoras e dissimuladoras: desconfiamos das informações que elas apresentam ou deixam de apresentar.
- Como os comportamentos podem ter diferentes causas, não sabemos interpretar direito porque eles estão ocorrendo.

Sondagens amorosas

É impressionante como adotamos mil cautelas para lidar com pretendentes amorosos que nos entusiasmam muito. Usamos mil estratégias para sondar o que se passa com eles, para tentar adivinhar o que estão sentindo e pensando e para colher pistas sobre a melhor forma de agir para agradá-los e conquistá-los.
Quando estamos conhecendo uma pessoa na qual estamos muito interessados, a nossa forma de agir é similar à caminhada em terreno minado: temos que nos cercarmos de mil cuidados. Qualquer passo em falso, podemos por tudo a perder.
Temos que ter muito cuidado com aquilo que expressamos, temos que interpretar muito bem o que está acontecendo em cada momento, temos que responder corretamente às inciativas da parceira, temos que tomar as iniciativas certas, temos que ler muito bem o que o outro está comunicando...
O relacionamento é muito frágil quando está sendo iniciado. Estamos fazendo os primeiros contatos. Além da grande atração mútua, não temos nenhuma segurança que seremos aceitos ou se a outra pessoa nos decepcionará ou se decepcionará conosco a qualquer momento. Os gestos que têm pouca consequência em um relacionamento sólido agora, no início, podem ser determinantes para fazer o relacionamento avançar ou cessar de vez.

Motivos para não sermos transparentes nos inícios de nossos relacionamentos

Além das dificuldades naturais para comunicar o que sentimos e pensamos e para entender o que o outro está comunicando, ainda existem vários motivos para não querer saber e para não revelar sentimentos e pensamentos. Alguns desses motivos são diversos:
Medo da rejeição. A rejeição é muito dolorida. Muitas vezes preferimos não saber a verdade nua, quando ela é contra nós. Ao invés disso, preferimos sermos desestimulados gradualmente para evitar a dor aguda e salva a nossa cara.
Saber que nossa parceira ainda está pouca interessada em nós permite que continuemos a tentar conquista-la.
Medo de que aquilo que é explicitado diminua a opção futura de cultivar o relacionamento. Revelar explicitamente que gostamos da parceira pode impedir que continuemos o relacionamento amistoso que tínhamos com ela. Esse relacionamento daria a chance para conquistá-la.
Medo de aumentar demais a segurança da parceira e, por isso, diminuir o seu interesse. Quando a parceira está muito segura do nosso interesse, isso pode diminuir o seu interesse. Uma parte boa dos inícios dos relacionamentos são as vitórias que vamos conseguindo no jogo da conquista. Declarar que já está muito interessando na parceira é como contar o que acontece no final do filme: pode diminuir o interesse no enredo.
- Medo de diminuir o fator imprevisibilidade o que diminui a atenção do parceiro
Medo de não pegar o outro na hora propícia: quando ele dá sinais, ele está no estado motivacional propício.
Esses motivos para não informar corretamente a parceira do que está se passando diminuem quando o relacionamento já estabeleceu ligações mais sólidas entre os parceiros: já solidificou a intimidade, o comprometimento já atingiu um bom nível e o casal já se estabeleceu como equipe para ganhar outras satisfações no mundo externo.

Verificação do interesse amoroso

A verificação amorosa é constituída por aquelas ações do verificador que o ajudam a esclarecer se um possível parceiro está amorosamente interessado por ele. Estas ações ajudam o verificador a interpretar melhor as razões pelas quais o parceiro está agindo da forma como age. Por exemplo, a verificação ajuda a entender se o parceiro está sendo tão gentil porque ele é assim com todo mundo, porque deseja obter um favor ou porque tem algum interesse amoroso. Ou seja, a verificação diminui a ambiguidade quanto às causas da ação do parceiro.
Vamos examinar o que consiste essa ambiguidade. Dizemos que um comportamento é amorosamente ambíguo quando existem pelo menos duas hipóteses diferentes para explicar a sua causa, sendo que uma destas possíveis hipóteses é que a sua causa é de natureza amorosa.
Esta ambiguidade acontece porque alguns tipos de comportamentos amorosos também aparecem em vários outros tipos de relacionamento. Por exemplo, ser atencioso, cordial e prestar pequenos favores são comportamentos que aparecem nos relacionamentos profissional, amistoso e amoroso. Por este motivo é difícil interpretar o motivo pelo qual uma pessoa está sendo gentil.
Outro exemplo ainda mais concreto: uma oferta de carona pode ter uma motivação amorosa (quem oferece a carona está interessado em iniciar um relacionamento amoroso com o carona), amistosa (quem oferece a carona está querendo reforçar a sua ligação amistosa com o carona) ou comercial (quem oferece a carona vai pedir um empréstimo durante o trajeto), ou se trata simplesmente de uma gentileza (“É o jeito dele. Ele faria isso para qualquer um”).
Como podemos aumentar o nosso grau de segurança da nossa interpretação das causas das ações de uma pessoa? Este aumento do grau de segurança pode ser obtido através do uso de um dos métodos de verificação do interesse amoroso. Vamos examinar agora como é este procedimento.

Zonas de Verificação

Existem várias medidas que podem ser tomadas para saber se um parceiro tem interesse amoroso. As eficácias destas medidas podem ser classificadas em quatro zonas. A Figura 1, abaixo, mostra estas zonas.

Zonas de Verificação

Zona
Inócua
(neutra)
Ambígua(ineficaz)Eficiente(eficaz)
Assédio
(ineficaz e molestadora)
Não são mostrados sinais de interesse amoroso, embora haja este tipo de interesse.São mostrados sinais fracos de interesse amoroso. O parceiro também pode retribuir com este mesmo tipo de sinal.São mostrados sinais de interesse amoroso que têm a intensidade adequada para a circunstância.Os sinais de interesse amoroso continuam a ser apresentados, embora o parceiro já tenha apresentado sinais de desconforto e rejeição.
CONTINUE A LER NO MEU BLOG: http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/11/27/voce-e-eficiente-para-conferir-o-grau-de-interesse-amoroso-do-parceiro-por-voce/

segunda-feira, novembro 21, 2016

Para melhorar sua vida, atualize a sua autoimagem e heteroimagem

Autoimagem, como essa palavra composta revela, é a imagem que temos de nós mesmos.

Heteroimagem é a imagem que as pessoas têm das outras.

Atualização da autoimagem

Antônio não atualizou sua autoimagem
Antônio havia demorado muito para se desenvolver fisicamente. Era menor e mais magro do que todos os colegas de classe. Por isso, sofria bullying e era desvalorizado socialmente. Na área amorosa, não despertava a atenção das colegas. Devido a essas experiências, tornou-se muito tímido. A timidez prejudicou mais ainda o seu desempenho no campo social e amoroso.
Devido a essas experiências ruins e devido ao fato de saber que era menos que os colegas da própria idade, Antônio formou um péssimo autoconceito: concluiu que era rejeitado na área social, era tímido, temia se expor em público e não agradava na área e amorosa.
Posteriormente, ele se desenvolveu muito fisicamente. Tornou-se atlético: sua estatura e seu peso ultrapassaram os dos colegas e, por isso, sua aparência tornou-se agradável e atraente. No entanto, ele continuava a perceber-se, sentir-se e a portar-se como antigamente, quando era um desprivilegiado na área física.
A sua autoimagem, formada nos “tempos das vacas magras” e reforçada pela timidez não foi corrigida pelo seu belo desenvolvimento físico. Por isso, a sua autoimagem continuava a prejudicá-lo.
Helena guardou sua autoimagem formada em outras circunstâncias e agora precisa refazê-la
O tempo passou na janela e só Helena não viu! (Obrigado, Chico! rs).  Ela estava casada desde os 20 anos e, como era muito fiel, deixou de ir atualizando as suas autoimagem e heteroimagem na área amorosa. Agora, aos 43, separou-se e, alguns meses depois, resolveu voltar ao mundo dos relacionamentos amorosos.
Para começar, o mundo atual, nesta área, não era o mesmo. Os objetivos dos relacionamentos eram outros: as pessoas “ficavam”, entravam em “rolos”, faziam sexo no primeiro encontro, iniciam relacionamentos através de aplicativos!
Ela, definitivamente, não sabia quem era, quais eram suas habilidades, como era “normal” se portar e se sentir nesse novo ambiente amoroso.
Antes de namorar o seu exemplo-marido, ela era muito atraente e disputada! Atualmente, não sabia qual era o seu poder de sedução e como andavam suas habilidades para iniciar e desenvolver relacionamentos amorosos.
Muitas conclusões que tiramos a nosso respeito são errôneas. Outras só eram corretas na época que foram formadas. Depois disso, evoluímos, nos modificamos e desenvolvemos outros recursos. No entanto, nunca revimos seriamente a autoimagem que formamos lá atrás. Acontecimentos na infância marcam profundamente a nossa autoimagem e são difíceis de serem alterados.

Autoimagens e heteroimagens

Possuímos diversas autoimagens: autoimagem do nosso corpo, da nossa inserção social, do nosso estilo amoroso, da nossa competência profissional, etc.
Usamos essas autoimagens como guias para tomar decisões e para aceitar ou rejeitar acontecimentos que nos digam respeito. Por exemplo, devido à imagem que temos de nós mesmos, podemos ficar interessados em certos tipos de empregos, mas não em outros; achamos que certos tipos de parceiros amorosos são adequados para nós, e outros, não; achamos que temos características adequadas para participar de certos grupos sociais, mas não de outros.
Também possuímos heteroimagens: as outras pessoas formaram imagens a nosso respeito e usam essas imagens como guia para suas ações: como agir conosco, o que esperar de nós. Essas imagens variam de acordo com as situações: eles têm imagem no campo social, no campo profissional, não campo amoroso, no campo.
As autoimagens e as heteroimagens de cada um de nós são relacionadas, até certo ponto. Aquilo que achamos de nós mesmos influencia nossas ações que, por sua vez, influenciam as imagens que outras pessoas farão de nós. O que as outras pessoas acham de nós influencia nossas autoimagens.

Mapeando a heteroimagem

Uma das experiências mais interessantes que já tive, foi a de tentar descobrir como eu era percebido por pessoas recém-conhecidas, após alguns poucas horas de contatos.
Para investigar esse tipo de percepção, no final do primeiro dia de aula, pedi para meus alunos, aproximadamente quarenta universitários de ambos os sexos, que escrevessem em um papel cinco características positivas e cinco negativas que haviam percebido em mim. (Os alunos foram instruídos para não identificarem suas respostas em todas as fases deste estudo. O anonimato aumenta as chances deles responderem honestamente).
Através desse procedimento, obtive dezenas de sugestões diferentes sobre características positivas e negativas que eu aparentava ter.
Em seguida, registrei em uma lista única as características que foram citadas por pelo menos dois alunos. Para construir essa lista, registrei apenas a forma neutra da característica citada, sem levar em conta suas variações de grau ou valência (positiva ou negativa). Por exemplo, se um aluno dizia “seguro” e o outro “inseguro” e um terceiro “pouco seguro”, na lista final de características eu registrava apenas “segurança”. Vinte sete características foram identificadas através desse procedimento.
Em seguida, transformei esses vinte e sete itens em um questionário. Para construir esse questionário, adicionei uma escala bipolar que ia desde -3 (Não possui nada desta característica), passando pelo zero e chegando ao +3 (Possui totalmente essa característica) em baixo de cada um dos vinte e sete itens da lista única. Por exemplo, o atributo “Segurança” foi transformado na seguinte questão:

                                                                       Segurança
                                   ———————————————————–
Não possui   nada   -3        -2        -1        0          +1       +2       +3 Possui totalmente

Em seguida, pedi para todos os alunos que me avaliassem novamente, desta vez usando este questionário com vinte e sete características.
Fiquei surpreso com muitas das avaliações: algumas das vinte e sete características foram avaliadas de forma muito semelhantes pelos alunos e outras, de forma diversificada. Alguns dos atributos avaliados uniformemente me surpreenderam, tanto agradável quando desagradavelmente. Não imaginava que eu passasse certas impressões ruins em algumas áreas e boas em outras. (Não vou dizer aqui quais eram essas impressões, RS).
A imagem que as outras faziam de mim após alguns breves contatos é bem diferente daquela que eu imaginava. A tomada de conhecimento da imagem deixou-me muito surpreso e a afetou a minha autoimagem!
Existem vários tipos de autoimagens e heteroimagens
Esse tipo de heteroimagem avaliada pelos alunos é apenas uma das minhas heteroimagens. Eu poderia realizar outras pesquisas para avaliar minha heteroimagem como pai, parceiro amoroso, profissional, etc. desenvolvendo outros questionários semelhantes a esse que desenvolvi com meus alunos.
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG;
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/11/20/para-melhorar-a-sua-vida-atualize-a-sua-autoimagem-e-heteroimagem/

segunda-feira, novembro 14, 2016

Você é interessante para o seu parceiro amoroso?

 Quem é interessante:
- Não precisa que brigar para obter a atenção do parceiro
- Não precisa pressionar para que o parceiro lhe mande mensagens durante o dia.
- Não precisa reclamar porque o parceiro não sai do celular enquanto conversam.
- Não reclama porque o parceiro tem outros programas e o tempo de relacionamento com ele está reduzido.
- Quando ela sai com o parceiro, estejam onde estiverem, haja o que houver, o relacionamento entre eles é o principal evento, a principal prioridade para o parceiro.

Depois que passa o efeito novidade

Se a pessoa que está ao seu lado é animada, mostra interesse por vários tipos de atividade, sabe aproveitar a vida, mostra envolvimento com o que está fazendo, é sensível e positiva com aqueles que estão á sua volta, é atuante e proativa então, ela é uma fonte de energia e de luz para aqueles que se relacionam com ela!
Se a pessoa que está ao seu lado é desvitalizada, desanimada, desinteressada dos atrativos que a vida oferece, insensível aos encantos de outras pessoas e pessimista então, ela funciona como uma espécie de buraco negro energético: suga a energia daqueles que estão à sua volta.
A atração de uma pessoa está bastante relacionada com essa sua vitalidade. No entanto, pouca gente cultiva ou se interessa por isso e está muito mais preocupada com a aparência e a ostentação de bens e poder.

Quando a admiração pelo parceiro diminui, o relacionamento amoroso se torna desinteressante

No início do relacionamento, os parceiros geralmente são interessantíssimos um para o outro. Isso acontece, em boa parte, porque apresentam uma grande dose de imprevisibilidade para o outro e são admirados porque são idealizados e porque capricham para projetarem uma boa imagem para o outro.
Segundo Stendhal, autor de uma das teorias sobre o apaixonamento mais aceitas nos dias de hoje, para que o apaixonamento aconteça é necessário haver admiração pelo parceiro.
Quando há admiração pelo parceiro, tudo que vem dele provoca interesse e é aceito com mais facilidade. Infelizmente, boa parte da admiração não resiste à prova do tempo: quando é baseada na idealização, ela geralmente diminuiu após alguns meses de relacionamento. Isso acontece porque o parceiro à medida que o tempo passa, o parceiro vai sendo conhecido mais realisticamente.
Quando a admiração diminui para aquém de certo nível, o parceiro amoroso torna-se desinteressante. Com sorte, a dose de interesse e admiração por ele se estabiliza em nível aceitável. Muitas vezes, no entanto, a admiração diminui para aquém do nível aceitável e o relacionamento só continua, quando continua, porque outros fatores ajudam a segurá-lo.

Alguns motivos para manter o relacionamento mesmo quando o interesse mútuo acabou

Alguns dos fatores que ajudam a manter o relacionamento, mesmo quando o interesse pelo parceiro diminuiu muito, são os seguintes:
- A prática do sexo continua porque há necessidade fisiológica
- Os parceiros continuam a conversar porque há problemas práticos que exigem comunicação para serem resolvidos
- A fuga da solidão faz que os parceiros mantenham algum contato entre si: “ falar com ele do que não falar com ninguém”.
- As poucas manifestações de romantismo que restaram são mantidas pelas convenções: dizer mecanicamente "Eu te amo", selinho de cumprimento, festas em datas convencionais, cumprimentos em ocasiões previstas pelo calendário...
- A sociedade entre os parceiros tem que ser mantida: cada parceiro sabe que ambos serão beneficiados ou prejudicados por certos fatos que os afetam: o casal é considerado como uma unidade econômica e social e, por isso, será afetado por diversos tipos de acontecimentos nestes setores.
As seguintes histórias ilustram alguns dos motivos para manter o relacionamento mesmo quando já não existe interesse mútuo.

Atrações periféricas

Aline queria ser atraente para o namorado. Investiu todos os seus esforços nas dietas, academias, plásticas, vestuários, cabeleireiros e acessórios.
Embora ela atraísse os olhares e a admiração onde quer que estivesse, mesmo assim, o namorado não ficava muito tempo na sua companhia. Ele sempre tinha mil outros programas e compromissos que a ela não podia participar.
 Quando estavam a sós, logo ele pegava o celular, ligava a televisão ou propunha algum programa. Tudo menos ficar a sós e conversar com ela!
Ela fazia tudo para agradá-lo! Estava sempre bem cuidada, aceitava todas as suas sugestões, procurava ouvi-lo e se interessar por tudo que o afetava, fazia os programas que ele queria e não reivindicava quase nada que poderia desagradá-lo. Ela boazinha com ele.
Claro que para ele, tudo isso era cômodo e agradável. No entanto, ele não a achava estimulante. Ela não apresentava novidades, não tinha vida própria e apenas era linda, elegante, dedicada e muito gentil com ele.

Boas companhias para programas

CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG:

 http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/11/13/voce-e-interessante-para-o-seu-parceiro-amoroso/

domingo, novembro 06, 2016

Como criar a sensação de afinidade e entrosamento com seus interlocutores

“Somos parecidos”
“Temos muita coisa em comum”
“A imitação é a forma mais comum de elogio”
“Eles são farinhas do mesmo saco”
“Eles estão na mesma vibração”
(Afirmações populares)

Durante os relacionamentos, é muito importante que os interlocutores sintam que há afinidade e entrosamento entre eles. Estes sentimentos contribuem para relaxar o clima dos relacionamentos porque eles indicam que há boa vontade e aceitação mútua e, por isso, que não há necessidade de ficar se policiando para não dizer coisas que provoquem desconfortos, divergências ou hostilidades por parte do outro interlocutor. Quando essas sensações de afinidade e entrosamento não estão presentes, o relacionamento “enrosca”: o mal estar e necessidade de cautela tomam conta e atrapalham a troca de outros tipos de mensagem.
Pessoas que estabelecem boas ligações pessoais entre si são assemelhadas em muitas coisas como valores, cultura, nível econômico e atitudes. Por exemplo, a similaridade nesses quesitos é a base do relacionamento amoroso (homogamia) e da amizade (homofilia).
Além disso, em um dado momento, pessoas que estão solidárias, sentindo empatia ou concordando entre si mostrarão vários tipos de comportamentos e posturas semelhantes.
Algumas vezes, a sensação de afinidade e entrosamento é estabelecida automaticamente: o clima de simpatia, afinidade e entrosamento se estabelece sem esforço e o relacionamento flui. Na maioria das vezes, os interlocutores “trabalham” ativamente para estabelecer ou intensificar o clima positivo entre eles.
Existem dois tipos de medidas que são tomadas para criar ou intensificar a sensação de afinidades: procurar e produzir similaridades.
Os interlocutores procuram identificar e ressaltar similaridades de três maneiras: (1) conversam sobre acontecimentos semelhantes que ocorreram em suas vidas (lugares onde moraram, escolas que cursaram, filmes que assistiram), (2) conversam sobre fatos semelhantes que estão ocorrendo (onde moram, conhecidos em comum, etc.) e (3) conversam sobre crenças e opiniões que compartilham (posições políticas, crenças religiosas, etc.).
Os interlocutores produzem similaridades e reduzem dissimilaridades de três maneiras: (1) manifestam concordância sobre o que o outro está dizendo (aprovam o que o outro diz, solidarizam-se com os seus sentimentos, etc.), (2) ressaltam suas similaridades já identificadas (“Penso da mesma forma que você”, “Também morei nesta cidade”, etc.) ou produzidas e omitem ou amenizam diferenças e (3) exibem comportamentos e posturas corporais similares: posturas, maneira de falar, pedir a mesma comida, beber ao mesmo tempo, etc.
Neste artigo vou desenvolver esse último tipo de produção de afinidades.

IDENTIFICANDO E PRODUZINDO SIMILARIDADES

Identifique e ressalte similaridades e omita ou amenize diferenças entre sua história de vida e a história de vida do seu interlocutor

Quando duas pessoas começam a se conhecer e estão interessadas em estabelecer um bom relacionamento pessoal entre si, elas começam a contar a própria história de vida e se interessam pelas histórias de vida da outra e mostram contentamento quando encontram coincidências ou pontos em comum nessas histórias.
Segundo Desmond Morris, famoso etólogo e autor de vários livros sobre o comportamento humano, as pessoas que estão se conhecendo e querem estabelecer vínculo com o novo conhecido procuram similaridades entre fatos importantes que ocorreram em suas vidas porque a constatação dessas similaridades funciona como uma espécie de substituto de uma história em comum que não tiveram. A história de vida em comum aproxima e liga as pessoas (amigos de infância, colegas de colégio, etc.).
As seguintes frases ilustram as reações verbais a esse tipo de constatação:
“Ah, você também é mineiro como eu!”
“Que interessante, você também é amiga do fulano!”
“Eu também estudei nesta escola!”
“Somos da mesma profissão!”
“Eu também sou vegetariano!”
“Que coincidência! Também adoro rock dos anos setenta!”

Produza-se para ficar parecido com seu interlocutor

A palavra “produção”, tal como é usada neste artigo, é o nome do conjunto de medidas que uma pessoa pode tomar para mudar rapidamente a sua aparência. Essas medidas são tomadas principalmente nas seguintes áreas: vestuário (vestido, saia, calça, camisa), adornos (colares, pulseiras, etc.), artefatos (cinto, sapato, etc.) e tratamento da pilosidade (intervenções na pilosidade de todo o corpo: cabelo, barba, pernas braços, púbis, etc.).
A produção é uma espécie de outdoor ambulante onde cada um anuncia uma porção de coisas: traços de personalidade, afiliação a grupos (militares, punks, religiosos), gênero (roupa de homem e de mulher). Ela também é uma ótima ferramenta para produzir efeitos nas outras pessoas: atrair, provocar admiração, impor distância, etc.
A produção, portanto, é uma ótima forma de mostrar similaridade ou dissimilaridade com outra pessoa em várias áreas. As pessoas que têm estilos de vida semelhantes tendem a produzirem-se de forma semelhante. Por exemplo, elas apresentam similaridade em seus vestuários, cortes de cabelo e adornos.

Copie comportamentos não verbais do interlocutor para criar clima positivo

Até certo ponto, as similaridades na produção (vestuário, adornos, corte de cabelos, etc.), posturas e comportamentos podem ser produzidas intencionalmente para induzir a sensação de afinidade com o interlocutor. Quando essa sensação é induzida, ela começa a melhorar o clima entre os interlocutores e, ai, cria-se um circulo virtuoso: esse bom clima psicológico vai induzir mais similaridades entre eles.

Exercícios de mimetização com outras pessoas

Produza semelhanças para aumentar a sensação de entrosamento com seu interlocutor.
Quando uma pessoa está parecida conosco essa similaridade aumenta a sensação de que estamos entrosados com essa ela e que “jogamos no mesmo time”. Essa sensação faz que os interlocutores fiquem mais amistosos entre si e cooperem mais.
Podemos aumentar a sensação de amistosidade e entrosamento aumentando intencionalmente as nossas semelhanças com essa pessoa. Podemos copiá-la ou mimetizá-la. Isso tem que ser realizado sutilmente para que não fique parecendo ironia ou brincadeira.

Principais maneiras de produzir similaridades com  o  interlocutor

– Apresente isopraxias com o seu interlocutor. Faça o que ele está fazendo: coma o que ele come; beba o que ele bebe; leia quando ele lê; cante quando ele cantar, etc.
– Apresente sincronias com o interlocutor (adote o seu ritmo): movimente-se no mesmo ritmo que o interlocutor (a dança a dois é um exemplo disso).
Vários estudos constataram que, durante a conversa, o ouvinte que está bem entrosado com o falante (aquele que está de acordo com ele e é simpático a ele e ao que ele está dizendo) “dança” ao som da sua voz: apresenta micromovimentos que acompanham o ritmo da fala do falante. Por exemplo, o ouvinte pode balançar sutilmente o corpo no ritmo da voz do falante ou piscar neste ritmo. Experimente ficar balançando a cabeça, afirmativamente no ritmo da fala do falante. O falante provavelmente sentirá que você está sintonizado com ele, envolvido no que ele está dizendo e apoiando-o. Efeito contrário: quando você fica imobilizado, o falante começa a ficar incomodado.
– Espelhe não verbalmente as posturas mais importantes do interlocutor (Apresente ecoposições e ecoposturas): sente-se como ele está sentado, cruze as pernas como ele cruzar, fique em pé quando ele ficar.
– Ecoposição. Exemplo: ambos interlocutores ficam sentados ou ambos ficam em pé.  Quando um interlocutor fica sentado e o outro fica de pé, isto causa certo desconforto e quebra da ligação e do clima entre eles.
– Ecopostura. Por exemplo, ambos conversam com a mão no queixo; ambos ficam com as pernas cruzadas da mesma forma.
(Evite a apresentação de comportamentos negativos, mesmo que sejam similares ao do interlocutor. Por exemplo, evite cruzar os braços quando ele cruza ou inclinar o tronco para trás quando ele faz isso. Os inconvenientes das mensagens negativas podem superar as vantagens das similaridades apresentadas).
 Fale como o seu interlocutor está falando. Por exemploadote a entonação e sotaque do interlocutor. As pessoas que vivem nas mesmas regiões do país tendem a falar de forma semelhante. Também tendemos a falar de forma semelhante àquelas pessoas que simpatizamos ou que queremos agradar: a mãe imita o jeito de falar do filho pequeno.
– Mostre-se empático com interlocutor. Por exemplo, ria junto com ele, mostre cara triste quando ele relatar algo triste ou mostrar tristeza na voz e no rosto.
– Complemente não verbalmente a fala do interlocutor.  Por exemplo, quando ele diz enfaticamente: “Eu fui lá e decidi!”, o ouvinte imediatamente esmurra a palma da própria mão esquerda com a mão direita. Esse gesto é o mesmo que poderia ter sido realizado pelo falante para enfatizar o que foi dito.

Significados das similaridades nas produções, comportamentos, posturas e vocalizações

Os comportamentos podem ser alterados em uma fração de segundo. Por exemplo, a voz e a face podem mostrar emoções que duram poucos segundos: você pode dirigir a sua face e os seus olhos para uma pessoa que está falando algo interessante e, logo em seguida, desviá-los para outra pessoa ou para outro acontecimento que atraia a sua atenção; você pode se inclinar para frente e apoiar o seu queixo na palma de uma mão quando está pensativo e, em seguida, aprumar o tronco e levantar os braços para preparar-se para gesticular porque vai começar a falar.
Quando estamos sentindo algo parecido como o que outra pessoa está sentindo, quando temos atitudes similares às dela ou mostramos sinais de simpatia e concordância com o que ela está dizendo como mostrar comportamentos similares aos dela. Isso acontece porque sentimentos e atitudes similares geralmente são expressos de forma similar.
A similaridade de comportamentos, posturas e vocalizações ocorrem por três motivos: (1) a exposição das pessoas às mesmas situações podem evocar sentimentos, pensamentos e atitudes similares, os quais, por sua vez, tenderão a evocar comportamentos similares. (2) Tendemos a copiar os comportamentos daquelas pessoas com as quais simpatizamos ou estamos em sintonia. Essa cópia pode acontecer involuntária e inconscientemente ou deliberadamente e (3) aquilo que outras pessoas estão sentindo nos contagia: podemos experimentar “por tabela” aquilo que outras pessoas estão sentido (experiências vicariantes). Por exemplo, ao assistirmos um filme ou lermos um livro, podemos nos comover até as lágrimas com o sofrimento de um personagem que está passando por uma situação muito difícil.
Essa similaridade de pensamentos, sentimentos e atitudes entre pessoas pode transparecer nos comportamentos, posturas corporais e vocalizações. Quando isso acontece, elas mostram comportamentos semelhantes, comportamentos sincronizados, posturas corporais similares e diversos aspectos de suas vocalizações se tornam muito parecidos ou idênticos.

Uso da similaridade para avaliar acordo entre pessoas

O grau de similaridade ou de diferença pode ser usado para avaliar os graus de acordo, simpatia e identificação que estão acontecendo entre duas pessoas, em um dado momento.
CONTINUE A LER NO MEU NOVO BLOG:
http://ailtonamelio.blogosfera.uol.com.br/2016/11/06/como-criar-a-sensacao-de-afinidade-e-entrosamento-com-seus-interlocutores/?preview=true&preview_id=541&preview_nonce=9cdbb76b1c